Thriller: De tanto sufocar nosso entretenimento em prol de uma literatura realista que definisse o Brasil, acabamos colonizados pelo entretenimento alheio CRÉDITO: JADER CORRÊA E MATIAS STREB_2011
O entretenimento é um projeto de Brasil
Como uma coletânea de contos de horror brasileiros do século XIX revela nossa identidade
Samir Machado de Machado | Edição 204, Setembro 2023
Nos idos de 2006, me pareceu boa ideia reunir trabalhos de outros escritores desconhecidos como eu, organizando uma coletânea na qual o tema fosse mais atraente que o nome dos autores envolvidos. Ficção de Polpa teve seu primeiro volume lançado em 2007, com o espírito de equipe típico das oficinas de escrita criativa, tão comuns na minha Porto Alegre natal. O título era inspirado nas pulp fictions americanas, e o tema – ou o enfoque – comum aos autores da coletânea era a literatura de entretenimento.
Eu gosto da palavra “entretenimento” pela sua abrangência, ainda que para alguns autores ela seja vista quase como uma ofensa, se for aplicada às suas obras. Como disse o escritor americano Michael Chabon, se você lê para se entreter e escreve para entreter, a definição do que é entretenimento deveria abranger tudo aquilo que surge de prazeroso “no encontro entre uma mente atenta e uma página de literatura”. Ainda assim, é uma percepção antiga entre autores, leitores e apreciadores desse tipo de ficção – por vezes definida como “fantástica”, “especulativa”, “de gênero”, “de imaginação” ou “de massa”, englobando a ficção científica, a fantasia, o horror, o gênero policial, a aventura e as histórias de amor – que a imprensa e a academia irão sempre torcer o nariz e barrar sua passagem nos portões da aprovação crítica.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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