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    O filósofo Newton da Costa em 1983: ele dizia que um dos vícios do meio acadêmico brasileiro é confundir a crítica profissional e a pessoal CRÉDITO: CLEARQ-UNICAMP_FUNDO NEWTON CARNEIRO AFFONSO DA COSTA_1983

despedida

O horizonte paraconsistente

Newton da Costa mostrou a possibilidade do que era inconcebível: construir sistemas lógicos que admitem contradições

Fernando Tadeu Moraes | Edição 213, Junho 2024

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Seria possível dizer muitas coisas espantosas sobre Newton da Costa. Por exemplo, que foi um dos raríssimos pesquisadores brasileiros a se tornar referência mundial em algum campo do conhecimento – um equivalente, na lógica e na filosofia, a Carlos Chagas na medicina, a César Lattes na física e a Artur Avila na matemática. E mais: que revolucionou uma área na qual até então os brasileiros não possuíam nenhuma tradição científica, mas que, pela senda aberta por seu trabalho, passaram a ter depois. Não menos espantoso, Costa fez toda a formação acadêmica e produziu toda sua obra monumental no Brasil, em instituições públicas do país, afora breves períodos em centros do exterior. E seguiu dando conferências e produzindo conhecimento de alto nível até as vésperas de sua morte no dia 16 de abril, aos 94 anos, em decorrência de um acidente doméstico.

Espantoso também é o fato de que, apesar dessas e tantas outras façanhas, esse homem extraordinário era praticamente um desconhecido entre os brasileiros. No dia 17, quando sua morte foi confirmada, à exceção de notícias publicadas nos sites de universidades e de algumas menções na imprensa do Sul do país, apenas a Folha de S.Paulo, entre os grandes veículos nacionais, lhe dedicou um obituário. O jornal O Globo fez o mesmo no dia seguinte. Não houve nenhuma homenagem oficial. Nem o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação nem o Ministério da Educação emitiram qualquer nota sobre o falecimento. Somente o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) lamentou a partida de Costa, num texto curto e protocolar, divulgado no dia 19.

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