Valdemar da Costa Neto, presidente do PL: sua proposta de anistia a Bolsonaro foi um afago à fatia bolsonarista do partido, mas o ex-presidente serve a ele em qualquer situação, até preso CRÉDITO: DIEGO BRESANI_2024
O político que escapou das urnas
Valdemar Costa Neto tem coisas mais importantes para tratar do que as demandas do eleitorado
Thaís Oyama | Edição 213, Junho 2024
O pai de Valdemar Costa Neto costumava dizer que o filho “nunca iria dar para nada nesta vida”. Conhecido como Boy, ele não gostava de estudar. Na juventude, era famoso em sua cidade, Mogi das Cruzes, no interior de São Paulo, pelo seu gosto por rodas de carteado, motos possantes, carros caros, mulheres bonitas e festas estrepitosas. Repetiu o ano no ensino fundamental, formou-se a duras penas no ensino médio e só conseguiu um diploma de administrador de empresas pelo Centro Universitário Braz Cubas, em Mogi, porque a mãe o obrigava a ir à faculdade ao menos para fazer as provas. Boy ganhou o apelido na infância: as irmãs mais velhas, Leila e Samyra (já falecida), achavam que ele se parecia com o filho do Tarzan, de um filme que fazia sucesso na tevê nos anos 1960. O apelido, portanto, não veio de “playboy”, mas tinha tudo para ter vindo.
Aos 25 anos, seu programa preferido era pegar a BMW 900 que havia importado da Alemanha e passar o fim de semana no Rio de Janeiro, onde sua moto, uma Honda 750, o aguardava na garagem do Hotel Sheraton, no Leblon. Um motorista transportava a máquina de Mogi ao Rio com antecedência para o patrão, numa caminhonete especialmente adaptada para esse fim, com rodas americanas e rampa móvel. Boy subia na moto, punha os óculos escuros e ia passear na orla da praia. No fim da tarde, encontrava os amigos no Castelinho, o bar da moda na Avenida Vieira Souto. À noite, tomava uísque nas boates de Ipanema. Segunda-feira de manhã, o Sol brilhando nas areias do Leblon, ligava para a mãe: “Acho que vou ficar mais uns dias por aqui.” Seu pai, a essa altura, estava perto de jogar a toalha. O Boy, dizia ele, não tinha nenhuma chance de dar certo.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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