CRÉDITO: JOÃO PINHEIRO_2023
O rebento do ódio
Não conhecia o perdão e tampouco apreciava os mandamentos do livro sagrado
Wesley Barbosa | Edição 202, Julho 2023
Desde a morte de sua mãe, a vida de Juliano havia se tornado um inferno, embora quase sempre tivesse sido assim. Ainda com a idade de 14 anos, não lhe faltou oportunidade para conhecer o interior dos botecos, onde via os homens beberem e se divertirem em meio às mulheres, despejando fumaça de cigarro no ar, assim como não lhe faltou oportunidade para ficar em torno da mesa de sinuca e entre viciados em jogos de cartas que se esbaldavam no vai e vem das garrafas de cerveja.
Era tido pelos mais velhos como o filho do Zé, o rebento do bêbado que morava logo ali na viela. Era a cara do pai, tomara que não desse para beber que nem ele. Juliano ouvia as coisas mais terríveis sobre seu velho. Quando se deparava com Zé chegando tarde da noite, cheirando a álcool e cigarro, mandando sua mãe preparar a comida, desprezava-o em segredo.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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