ILUSTRAÇÃO: ANDRÉS SANDOVAL_2015
Ornado do Leblon
Nasce uma estrela da pecuária
Malu Gaspar | Edição 112, Janeiro 2016
Fazia um sol de rachar no início da manhã do último domingo de setembro em Uberaba, Minas Gerais, quando o locutor bradou ao microfone para os 2 mil frequentadores da Expoinel, importante palco da pecuária nacional, o resultado daquele que é um dos principais prêmios do mundo bovino: “E o prêmio vai para… Pode comemorar, Paranaíba! Terra do Ornado do Leblon, grande campeão nacional nelore mocho de 2015!” O peão Jair Gonçalves, que havia levado o touro à pista momentos antes, foi discreto na comemoração. Acenou de leve com a mão, como quem se despede de alguém na rodoviária, e chorou. O dono, o ex-executivo convertido em fazendeiro José Roberto Giosa, foi ao encontro do funcionário para abraçá-lo. Os proprietários dos quatro concorrentes derrotados fizeram cara feia. Trocando o choro pelo riso, Gonçalves comentou com o patrão: “É, seu Zé, nóis deixamo o povo apertado.”
Ornado, um portento de 1,80 metro de comprimento por 1,70 de altura nas ancas largas de carne abundante, a brancura do corpo quebrada por uma mancha de tom cinza-escuro no pescoço, acompanhou a tudo majestoso, parado no meio da pista de exibição. Por ter nascido em uma criação pequena que nunca fez nenhum campeão, ele era uma espécie de azarão.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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