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    Marta durante a partida contra a França na Copa do Mundo Feminina, em 2019: ela mandou às favas a feminilidade subserviente e ensinou que jogar futebol é um direito de todas CRÉDITO: MARTIN ROSE_EQUIPE_GETTY IMAGES SPORT_2019

despedida

A revolucionária do sertão

Marta sonhou – mesmo sem que lhe dessem o direito de sonhar

Milly Lacombe | Edição 204, Setembro 2023

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Dois Riachos é o nome da cidade de 10 mil habitantes onde Marta Vieira da Silva nasceu, em fevereiro de 1986. Fica no sertão de Alagoas – e o sertanejo, como se sabe desde Euclides da Cunha, é, antes de tudo, um forte. A infância de Marta não escapou de ser mais uma platitude num país capitalista e patriarcal, incapaz de alimentar, empregar e acolher todos os seus. Família de quatro filhos abandonados pelo pai. Mãe trabalhadora que contou com a ajuda da prole para colocar comida na mesa – modo de dizer, porque não cabia mesa na casa de 10 m2 que abrigava cinco.

Marta carroçou muito nas ruas de Dois Riachos. Carroçar é verbo inventado pela necessidade e bastante usado no sertão alagoano onde crianças, para colaborar com o sustento da família, levam e trazem as mais variadas mercadorias em carrinhos de mão. O que ganhava carroçando, Marta entregava à mãe. Tinha dias que pedia para limpar o caminhão de feijão recém-chegado à feira porque pegava uns restos de grãos que caíam durante a retirada da carga e, depois, corria com o alimento para casa. Ela também vendia roupas e sacolés, além de lavar pratos em residências de famílias amigas.

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