O novo papa será anunciado pela fumaça branca depois de um conclave difícil, em que a volta da exigência de dois terços dos votos impedirá que uma corrente de cardeais se imponha, como fizeram os ultraconservadores na escolha de Ratzinger FOTO: ALESSANDRA TARANTINO_AP PHOTO_GLOW IMAGES
Sob a névoa do conclave
Depois de fracassado seu projeto de restauração conservadora, Bento XVI deixa a Igreja dividida entre “apocalípticos” e “aberturistas”
Marco Politi | Edição 78, Março 2013
Atualizado em 31 de dezembro de 2022
O papa emérito Bento XVI morreu neste sábado, aos 95 anos. O Vaticano já havia informado que o estado de saúde dele era delicado, por causa da idade avançada. O pontificado de Bento XVI durou apenas oito anos, de 2005 a 2013, quando ele renunciou alegando problemas de saúde e foi sucedido pelo papa Francisco. A passagem de Bento XVI pelo Vaticano foi marcada por uma forte crise, em meio a denúncias de abusos sexuais por membros da Igreja Católica e ao vazamento de documentos do Vaticano. Este texto, publicado logo após a renúncia de Bento XVI, analisa a crise durante seu papado.
O fim traumático do pontificado de Bento XVI demonstra o fracasso de um projeto de restauração conservadora para a Igreja Católica do século XXI. Ratzinger é um homem de estatura teológica e intelectual elevada demais para ser simplesmente rotulado de conservador. Mas sua obsessão em querer enquadrar a grande virada do Concílio Vaticano II no velho esquema da Tradição católica, negando toda possibilidade futura de reforma, conduziu a Igreja a uma situação de absoluta estagnação durante seu pontificado.
Além disso, sua falta de capacidade de governo e de sensibilidade geopolítica acabou produzindo durante o período uma sucessão de crises sem precedentes nos últimos 100 anos da história da Igreja Católica.
Crise com o Islã pelas frases de desdém sobre Maomé no discurso pronunciado na Universidade de Ratisbona, na Alemanha, em 2006. Crises repetidas com o judaísmo, seja pelos elogios a Pio XII (o papa que não teve a coragem profética de denunciar publicamente o extermínio dos judeus perpetrado por Hitler), seja pela oração da Sexta-Feira Santa da velha Missa Tridentina, considerada ofensiva pelo povo de Israel, seja, enfim, pela revogação da excomunhão do bispo Richard Williamson, negacionista do Holocausto. Crise com o mundo da ciência, por ter definido o preservativo como um instrumento que “agrava” o problema da Aids. Crise com os católicos pela revalorização da missa anterior ao Concílio dos anos 60 e pelas tratativas com os seguidores do falecido Marcel Lefebvre, inimigo ferrenho dos mais importantes documentos conciliares.
Crise também pelas incertezas na condução do escândalo internacional sobre os abusos sexuais. De um lado, Bento XVI introduziu normas mais severas contra a pedofilia, solicitou aos episcopados nacionais que elaborassem diretrizes para combater o fenômeno, condenou definitivamente (embora muito tarde) o fundador dos Legionários de Cristo por seus crimes, e se encontrou com delegações de vítimas em vários países. De outro, porém, não obrigou os bispos de todo o mundo a denunciar os padres criminosos às autoridades legais e civis nem abriu os arquivos eclesiásticos a fim de revelar as vítimas esquecidas.
A essas crises contínuas, que se manifestaram ano após ano do seu pontificado, em 2012 veio somar-se o escândalo devastador do Vatileaks: a evasão de documentos secretos do apartamento papal que evidenciam corrupção no Vaticano, disputas entre cardeais, o mau humor da Cúria em relação ao secretário de Estado, o cardeal Tarcisio Bertone, e a opacidade de um banco vaticano (o Instituto para as Obras de Religião, IOR) que, além da falta de transparência, foi utilizado em anos passados como canal para lavagem de dinheiro mafioso e de repasse de propinas a partidos políticos italianos.
Com a decisão revolucionária de sua abdicação, gesto humilde e grandioso, Bento XVI reconheceu os seus limites, criou as condições para reconstruir uma Cúria renovada e indicou um exemplo para o futuro. Mas o papa Ratzinger deixa atrás de si uma Igreja exausta e profundamente dividida.
Sobre sua sucessão se projeta a sombra do cardeal Carlo Maria Martini, o grande arcebispo de Milão que morreu já aposentado, em setembro de 2012. Na época da eleição papal de 2005, Martini liderava o bloco de cardeais progressistas. Ele sempre foi uma personalidade corajosa e aberta ao debate. Pouco antes de morrer, deixou numa entrevista concedida ao Corriere della Sera seu testamento espiritual. Um apelo dramático: “A Igreja ficou 200 anos para trás. Como é possível não se abalar? Temos medo em vez de coragem?” Segundo o arcebispo emérito de Milão, a Igreja Católica na Europa e na América está cansada: “Nossas igrejas são grandes, nossas casas religiosas estão vazias e o aparato burocrático da Igreja cresce, nossos rituais e nossos hábitos são pomposos…”
Com muita clareza, Martini expressou conceitos que circulam nas cabeças de muitos fiéis, padres, bispos e cardeais. O próprio Bento XVI, ao anunciar sua abdicação no último dia 11 de fevereiro, enfatizou que a Igreja vive em um mundo caracterizado por “rápidas transformações e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé”. Esses mesmos problemas, que o papa Ratzinger não quis enfrentar, estarão em breve sobre a mesa de seu sucessor e dos cardeais que escolherão o perfil do novo pontífice, inclusive levando em conta de que maneira ele poderá resolvê-los.
Os nós cruciais são cinco.
A grave crise da carência de padres. Os atuais sacerdotes não são nem de longe suficientes para cobrir as paróquias. Na Europa há párocos que precisam cuidar simultaneamente de quatro, cinco paróquias. Na América Latina, alguns sacerdotes das zonas rurais chegam a cuidar de vinte ou até mais. O pequeno aumento de ordenações sacerdotais verificado nos últimos anos (cerca de 6 mil a mais em comparação ao início do pontificado de Bento XVI) é uma gota d’água em relação aos mais de 30 milhões de novos católicos. Reiteradas vezes teólogos, padres e grupos de fiéis pediram em várias regiões do mundo que a ordenação de homens casados se torne possível. Na Áustria, desde os anos 90, o movimento “Nós Somos Igreja” (depois difundido internacionalmente) lançou uma petição assinada por meio milhão de fiéis (na Alemanha 1 milhão e meio assinaram) para pedir a liberdade de escolha do celibato para os padres, a reintegração dos padres que se casaram e a plena participação das mulheres no sacerdócio eclesiástico. Também no Brasil o 12º Encontro Nacional de Presbíteros, ocorrido em fevereiro de 2008 na cidade de Indaiatuba, se encerrou com o pedido de liberdade de opção entre clero celibatário e clero casado.
A segunda questão diz respeito ao papel das mulheres na Igreja. No último sínodo dos bispos no Vaticano, dedicado ao tema “Nova Evangelização” (realizado em outubro de 2012), somente o bispo alemão de Osnabrück, Franz-Josef Bode, teve a coragem de reivindicar para as mulheres o acesso ao diaconato [o diácono desempenha funções de um padre, exceto a consagração da hóstia e a confissão]. No entanto, além do problema da ordenação sacerdotal, entre as mulheres católicas é amplamente disseminado um sentimento de frustração por serem quase sempre relegadas a posições auxiliares. Na Cúria romana apenas duas mulheres ocupam cargos de direção como “subsecretárias”: a irmã Nicoletta Vittoria Spezzati, subsecretária da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada, e a senhora Flaminia Giovanelli, subsecretária do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz. Na Secretaria de Estado não há um só dirigente do sexo feminino.
Sinal da profunda “crise de confiança” entre o mundo feminino e a Igreja foi a queda das adesões às ordens religiosas femininas. Como atesta o Anuário Estatístico do Vaticano, entre 2004 e 2012 as religiosas em todo o mundo passaram de 767 459 a 721 935. Isso significa que mais de 45 mil mulheres foram perdidas para o serviço na infantaria da Igreja. Na Itália, terra do papado, houve nos últimos 25 anos um decréscimo de 50 mil postos.
O terceiro problema candente consiste na atitude da Igreja diante da sexualidade na sociedade moderna. Tema vasto, que vai do divórcio aos anticoncepcionais, da fecundação artificial à união dos casais homossexuais. Muitos bispos e cardeais se dão conta de que é preciso “modificar a visão”.
Em seguida vem o tema da reunificação das igrejas cristãs. Já faz muitos anos que as relações entre as várias confissões são bastante cordiais, mas não houve de fato nenhum progresso na reaproximação ecumênica. No dia seguinte à sua eleição, Bento XVI declarou aos cardeais reunidos na Capela Sistina que sentia o dever e a “ambição” de dar passos concretos na direção da unidade entre as igrejas cristãs. Entretanto, nada aconteceu nesse campo, assim como no que se refere ao problema dos padres ou à valorização das mulheres.
Por fim, se coloca a questão do poder papal no terceiro milênio. Fala-se muito nestas semanas de uma reforma da Cúria para purificá-la dos escândalos, do carreirismo, dos pecados do dinheiro e do sexo. É um tema que o sucessor de Bento XVI terá certamente que enfrentar à luz do relatório preparado pelos três cardeais – Jozef Tomko, Salvatore de Giorgi e Julián Herranz – que, por incumbência do papa Ratzinger, investigaram o Vaticano após a explosão do caso Vatileaks. Mas o nó mais complicado está numa possível reforma do poder papal. A Igreja Católica, uma comunidade de 1,1 bilhão de homens e mulheres dos cinco continentes, não pode mais ser governada como uma monarquia absoluta, com um papa imperador.
Ao se demitir, Bento XVI desmitificou racional e lucidamente o papado, subtraindo ao pontífice aquele caráter semidivino, objeto de idolatria por parte dos elementos mais tradicionalistas. Agora parece ter chegado o momento de realizar aquilo que o Concílio Vaticano II havia decretado de modo explícito: uma direção colegiada da Igreja universal, na qual o papa e os bispos estejam associados. Numa primeira fase, isso significa pôr efetivamente em funcionamento os sínodos dos bispos e o colégio dos cardeais como organismos colegiados de consulta sobre assuntos específicos.
A Igreja Católica está realmente atravessando uma crise profunda no plano interno e externo. De um lado, precisa entender como se movimentar numa sociedade secularizada, em que coexistem propostas éticas diferentes. De outro, corre o risco de um cisma silencioso, que registra milhões de fiéis se afastando da hierarquia e seguindo um cristianismo ditado unicamente pela própria consciência, ou então abandonando o catolicismo e aderindo a movimentos evangélicos, como ocorre há anos na América Latina.
Ao mesmo tempo, o poder da opinião pública cresceu enormemente. A fulminante renúncia do cardeal escocês Keith O’Brien, acusado em seu país de “comportamento inapropriado” – eufemismo para práticas sexuais ilícitas – por três sacerdotes e um ex-padre, demonstra que as altas hierarquias eclesiásticas já não podem furtar-se a eventualmente perceber a diferença gritante entre os pecados privados e a pregação do púlpito. A decisão de Bento XVI de acolher imediatamente a demissão de O’Brien da arquidiocese de Saint Andrews ede Edimburgo, e desse modo excluí-lo do conclave, é o último sinal de sua vontade de eliminar a “sujeira” da Igreja, que ele já havia denunciado na procissão da Via Sacra ao Coliseu em março de 2005, quando ainda era cardeal.
Esse tema também estará na mesa de seu sucessor.
O conclave dessa vez não será fácil como foi o de 2005. Naquela ocasião, um lobby de ultraconservadores liderados pelo espanhol Julián Herranz, do Opus Dei, e por cardeais latino-americanos como os colombianos Alfonso López Trujillo e Darío Castrillón Hoyos e o chileno Jorge Medina Estévez, conseguiu impor rapidamente o próprio candidato, Joseph Ratzinger. Seu sucesso foi facilitado pela mudança feita por João Paulo II no processo do conclave, permitindo que, em última análise, vencesse o grupo que tivesse no bolso a maioria absoluta. Mas desta vez volta a vigorar a regra irrevogável dos dois terços, e o futuro pontífice deverá ser um homem de centro.
Os cardeais eleitores prestes a entrar em conclave estão muito divididos. Em primeiro lugar, se contrapõem os “apocalípticos” e os “aberturistas”. Os primeiros consideram o mundo moderno uma realidade hostil à Igreja e veem a secularização como um grande demônio. Eles se identificam com a opinião do cardeal norte-americano Donald Wuerl, para quem o “tsunami da secularização” desmantelou antigos valores. É a visão de quem vê o bem do lado da Igreja e o mal na sociedade contemporânea. Os “aberturistas”, por sua vez, se reconhecem nas ideias expressas por muitos prelados durante o sínodo de outubro. “A Igreja deve fazer com toda a honestidade um exame de consciência sobre a maneira de vivenciar a fé”, declarou o monsenhor Carlos Aguiar Retes, presidente do Celam (Conselho Episcopal Latino-Americano). Deve saber conduzir um “diálogo sem arrogância” com a ciência, afirmou o cardeal Gianfranco Ravasi, responsável pelo Conselho da Cultura no Vaticano. Deve defrontar-se com a mentalidade contemporânea “não em termos de agressão ideológica”, recomendou o arcebispo de Dublin, Diarmuid Martin.
Esta corrente se reconhece nas palavras do arcebispo filipino Sócrates Villegas: “A hierarquia eclesiástica precisa evitar a arrogância, a hipocrisia, o sectarismo. Precisamos punir todos os que erram entre nós, e não ocultar nossos erros.” No conclave, essa visão estará bem representada pelo cardeal de Manila, Luis Tagle, para quem a Igreja deve agir com “humildade e respeito” e às vezes, também, “em silêncio”.
O conclave deverá fazer de imediato uma escolha básica. Identificar um candidato italiano para o papado ou buscar um cardeal de outra nacionalidade? Na Europa ou em outro continente? Certamente a maioria dos cardeais está alarmada com o fenômeno da secularização, presente sobretudo na Europa, na América do Norte e nas metrópoles latino-americanas, e isso tende a excluir a possibilidade de um papa proveniente da Ásia ou da África. Embora o conclave esteja sempre aberto a qualquer surpresa.
Escolher um papa italiano significaria, segundo muitos cardeais “estrangeiros”, um passo atrás. Melhor então avançar pelo caminho da internacionalização do papado e assim chegar, depois de um pontífice polonês e de um alemão, a um papa de fora da Europa. Seguindo esse raciocínio, não se deve subestimar a irritação que muitos cardeais de várias partes do mundo sentiram em relação ao escândalo do Vatileaks, percebido como “intriga italiana”. Mau humor agravado em seguida pelas notícias que circularam nesses dias sobre novas possíveis revelações referentes a negócios obscuros e a relações homossexuais no interior da Cúria.
No conclave, a discussão sobre esse ponto vai ser muito intensa. O núcleo dos conservadores duros e puros da Cúria é liderado por Mauro Piacenza, prefeito da Congregação para o Clero, firme defensor do “sagrado celibato” e opositor de qualquer hipótese de sacerdócio das mulheres. Próximos dele estão os cardeais Antonio Cañizares, prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, e Antonio Rouco Varela, arcebispo de Madri. Outro firme defensor da Igreja tradicional é o cardeal George Pell, arcebispo de Sidney, que já se pronunciou em favor de um papa italiano e para quem um pontífice latino-americano só será possível “nos próximos 100 anos”. São os primeiros sinais de que o alinhamento conservador aponta para um papável da Itália. O nome citado com mais frequência é o de Angelo Scola, arcebispo de Milão, mas há também Angelo Bagnasco, presidente da Conferência Episcopal Italiana.
O cardeal secretário de Estado Tarcisio Bertone é de um grupo à parte, com uma patrulha de fidelíssimos curiais: Domenico Calcagno, presidente da Administração do Patrimônio da Sé Apostólica, Giuseppe Versaldi, responsável pela Prefeitura de Assuntos Econômicos da Santa Sé, e Giuseppe Bertello, chefe da Governadoria do Estado da Cidade do Vaticano. Bertone é considerado o responsável direto por muitos passos em falso cometidos por Bento XVI durante seu pontificado, e a partir de 1º de março estará automaticamente demissionário do cargo de secretário de Estado. Ainda que o próximo papa precise mantê-lo durante algum tempo por cortesia, mais tarde ele será inevitavelmente substituído. Por isso Bertone busca alianças para garantir aliados para o futuro e, assim, poderia até colaborar na eleição de um papa não europeu.
Desse ponto de vista, o conclave de 2013 é o primeiro na história da Igreja em que há a real possibilidade de eleição de um pontífice das Américas. Não é certo que isso ocorra, na Capela Sistina sempre podem emergir outsiders inesperados. Mas o fato é que a Igreja entrou numa nova fase histórica. Há candidatos de norte a sul. O cardeal canadense Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos, conta com três cartas a seu favor: tem experiência de governo na Cúria, experiência pastoral como arcebispo do Quebec e trabalhou como sacerdote na América Latina. Ou ainda o cardeal Sean O’Malley, que fez uma limpeza na diocese de Boston após uma enxurrada de abusos sexuais. (Há quem cite também o cardeal arcebispo de Nova York, Timothy Dolan.) Entre os purpurados latino-americanos, o cardeal hondurenho Óscar Rodríguez Maradiaga tem prestígio e, em Roma, dois cardeais brasileiros são levados em consideração: Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, e João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília e atual prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.
Mas no Velho Mundo também há outsiders, como o húngaro Péter Erdö, presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa, ou o austríaco Christoph Schönborn, arcebispo de Viena.
Seja como for, é certo que a maioria dos cardeais procura um candidato de “centro”, razoavelmente jovem (por volta dos 60 anos de idade e não muito além dos 70), que tenha espírito pastoral, mas que também seja realmente capaz de governar a Cúria e a Igreja. É possível esperar muitas surpresas desse conclave.
Os últimos anos foram caracterizados por um grande conformismo nas declarações dos altos dirigentes eclesiásticos. Ninguém queria contradizer publicamente as ideias do papa Ratzinger. Assim que seu pontificado entrou em ocaso, floresceram repentinamente ideias e posições novas, impensáveis poucas semanas atrás. O cardeal alemão Joachim Meisner defendeu a legalidade da pílula anticoncepcional para casais. O cardeal Lluís Sistach, de Barcelona, declarou inesperadamente que é possível rediscutir o celibato dos padres.
Entretanto, a interrogação que ninguém é capaz de desvendar antes de os cardeais entrarem na Capela Sistina diz respeito à força numérica das posições reformistas no conclave. Muitos cardeais eleitores jamais se pronunciaram. De certo, pode-se apenas dizer que cardeais como o alemão Karl Lehmann, presidente emérito da Conferência Episcopal Alemã, o brasileiro Cláudio Hummes, prefeito emérito da Congregação para o Clero, o português José da Cruz Policarpo, o austríaco Christoph Schönborn e Walter Kasper, também alemão e presidente emérito do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, fazem parte do bloco reformador. Mas para eleger um papa são necessários muitos, muitos votos a mais. A maioria dos cardeais silenciosos é quem vai decidir o nome do sucessor.
Como dizem em Roma, “quem entra papa em conclave sai cardeal”. E quem não era conhecido aparece de repente na Loggia delle Benedizioni, a Sacada das Bênçãos, após a fumaça branca.
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