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    Dino, o comunista que adora ganhar imagens de santos e já defendeu um “choque de capitalismo” no Maranhão: seus críticos até hoje não viram um plano de segurança pública consistente Foto: Evaristo Sá/AFP

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O espalha-brasas

A buliçosa trajetória do mais novo animal político do Supremo

Angélica Santa Cruz | Edição 208, Janeiro 2024

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Na grande sala de reuniões onde costumava receber autoridades, jornalistas e integrantes de sua equipe, Flávio Dino falava sobre a sucessão de crises que toureava desde que assumira o Ministério da Justiça e Segurança Pública – a começar pela intentona golpista de 8 de janeiro. “É uma rotina trepidante. Só encontrei um grau de tensão parecido no auge da pandemia, quando governava o Maranhão. E ali enfrentei momentos de desespero. Até hoje não consigo, por exemplo, mexer esse dedo”, disse, mostrando o mindinho da mão direita. “Quebrei no dia em que a frustração foi tão grande com o avanço da Covid que dei um murro na parede.” A conversa sobre as crises sucessivas acontecia na tarde de 17 de agosto passado e, do lado de fora da sala, a situação era a seguinte: só se falava dele. Walter Delgatti Neto, o hacker de Araraquara, acabara de dizer na CPI dos Atos de 8 de Janeiro que o ex-presidente Jair Bolsonaro o consultara pessoalmente sobre a possibilidade de invadir as urnas eletrônicas. No mesmo instante, a declaração se disseminou pelos sempre faiscantes grupos de WhatsApp de Brasília e foi interpretada como uma virada excepcional. A CPI que fora criada por insistência de parlamentares bolsonaristas justamente para pegar Dino – com a tese de que ele teria facilitado a ação dos vândalos que barbarizaram a capital – voltava-se ali contra seus idealizadores como um bumerangue, ameaçando cortar suas cabeças.

Dentro da sala de reuniões, no entanto, Dino era um homem público que começava a pedir água diante da “rotina trepidante” do ministério. Uma semana antes, ele fora obrigado a interromper sua agenda de compromissos do dia por causa de uma crise hipertensiva. Levado para um hospital, fizera seu primeiro check-up em nove anos. “Foi de dar susto mesmo. Apareceram muitos problemas de pequena dimensão – como placas nas coronárias e hérnia de disco – que se juntaram à obesidade. Eu diria que a minha saúde está mais ou menos”, descreveu. “Agora preciso me cuidar para ter mais qualidade de vida – tenho família, tenho filhos…”

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Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz

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