Direito à mobilidade: a priorização do transporte público pode fortalecer a coesão social, ao contrário dos veículos particulares, que levam ao isolamento e à atomização CRÉDITO: BETO NEJME_2023
A vez da tarifa zero
Como o transporte público gratuito passou de utopia a realidade e ajudou a salvaguardar a democracia no Brasil
Roberto Andrés | Edição 200, Maio 2023
Fevereiro de 2021. Sede da prefeitura de Caeté, cidade de 45 mil habitantes em Minas Gerais. O prefeito Lucas Coelho, do Avante, senta-se à frente do proprietário da empresa que opera o transporte público na cidade. A situação é crítica. A pandemia de Covid-19 fez cair pela metade o número de viagens nos ônibus. Com isso, a arrecadação da tarifa deixou de sustentar o serviço. A empresa havia reduzido a oferta, e estava com frota ociosa. Aquela conversa já ocorrera no ano anterior, e Coelho convencera o empresário a manter o serviço sem aumentar a tarifa, que estava em 4 reais – um valor um tanto alto para os padrões econômicos locais.
Naquela tarde de verão, não teve jeito. O empresário afirmou que iria encerrar o contrato de concessão e abandonar o serviço. A prefeitura tinha uma bomba no colo. Não se vislumbrava outra empresa para assumir o contrato naquelas condições. Ficar marcada como a gestão em que o transporte público faliu na cidade não parecia promissor. Lucas Coelho terminou o encontro preocupado.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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