
Letra de Bashô, de junho de 1989
O missionário pecador
Um agradecimento e uma canção para Paulo Leminski
Zeca Baleiro | Edição 226, Julho 2025
Paulo Leminski impactou profundamente a minha geração (fiz 59 anos em abril). Meteoro miscigenado, lançado dos céus até Curitiba em 1944, ele – que tinha sangue polonês, indígena, negro e português – foi mais que poeta, letrista, biógrafo e tradutor. Foi principalmente um guru rock’n’roll. E o toque de mestre que deixou é tão importante quanto sua obra literária: o de que é possível ser culto e ligeiro, rigoroso e simples, profundo e pop, tudo ao mesmo tempo. Foi pensando assim (sendo assim) que Leminski – o homenageado da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) neste ano – conseguiu interface com a erudição de poetas como os concretos irmãos Campos e a coloquialidade de cantores/músicos/compositores como Moraes Moreira, A Cor do Som e Itamar Assumpção.
No balaio leminskiano parecia caber de tudo, e isso, confesso, era para mim quase tão instigante quanto sua escrita. Foi por suas mãos (e inquietação) que minha geração tomou conhecimento de Yukio Mishima,[1] romancista e dramaturgo japonês que defendia com fervor quase fanático o culto a valores tradicionais de seu país. Fervor que o levou ao seppuku (ou harakiri) e fez dele um personagem fascinante.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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