Um ex-indignado se desdiz e faz as pazes com a revista
| Edição 46, Julho 2010
ROCK NA CASA BRANCA
Vejam só o que vocês conseguiram com a Chegada (“Rock na Casa Branca”, piauí_45, junho 2010): vou ter de tirar a foto do Elvis da parede onde estava, ao lado da do Nat King Cole, do Marlon Brando, da carta impressa do Spielberg pedindo contribuição para uma pesquisa em Marte, do Lima Barreto caracterizado como Antônio Conselheiro… Vocês estão acabando com minhas pouquíssimas ilusões!
YOLANDA OLIVEIRA AZEVEDO_ SÃO JOÃO DA BOA VISTA /SP
DICIONÁRIO
Seria malemolência (Esquina, “Estamos de olho, Dunga”, piauí_45, junho 2010) uma mistura de malevolência com manemolência? O danado do meu dicionário não registra esta palavra. Ajudem-me!
DARLAN MOREIRA_CEARÁ-MIRIM/RN
NOTA DA REDAÇÃO: Malemolência está devidamente dicionarizada no Houaiss, assim como suas muitas variantes. A lista de acepções (calma excessiva, pachorra, desculpa para evitar algo, jogo de atitudes, gestos) fez espocar uma quizumba no reino encantado da filologia: seria “Dunga” sinônimo ou antônimo de malemolência?
SALADA MISTA
Destaco na última edição o texto do Chico Buarque (“Os dicionários de meu pai”, piauí_45, junho 2010) e já estou procurando o Dicionário Analógico. A reportagem de Consuelo Dieguez, “A cara do PMDB” (piauí_45, junho 2010), na minha opinião é antológica, de uma precisão cirúrgica, concisa, enxuta. E “Prevaricações Primevas” (piauí_45, junho 2010), de Reinaldo Moraes, é no mínimo surpreendente. Como é que esse cidadão consegue escrever um texto longo como este sem cair no lugar comum, na chatice?
HEITOR FREIRE _CAMPO GRANDE/MS
Li o texto “Prevaricações Primevas”, de Reinaldo Moraes (piauí_45, junho 2010), dias depois de renovar a assinatura da revista por mais três anos. Não precisam me mandar os exemplares remanescentes: considero que a assinatura já está paga.
HUMBERTO GUERRA_BELO HORIZONTE/MG
A capa da edição 44 (maio 2010) é linda, linda! Não diz nada, mas conta toda a história! Congrats ao autor, James Jean.
Uma sugestão: criar um Hall da Gratidão (ou algo sugestivo) destinado às pessoas dedicadas à sua profissão, como o dr. Zamariola (“Zamariola sai do casulo”, piauí_41, fevereiro 2010) e o dr. Alexsandro (“Como mudar de sexo”, piauí_43, abril 2010). Só de pensar que o dr. Alexsandro se junta aos Médicos sem Fronteiras para operar crianças mundo afora, fico novamente emocionada. Também penso no relato do médico Jório de Barros (Diário, “Ganhei a primeira cruz no meu bisturi”, piauí_2, novembro 2006) com seus dois empregos que, ao final, concluía que o estacionamento onde ele deixava o carro faturava mais do que os dois salários dele, operando e salvando vidas todos os dias.
Ah, será que o dr. Zamariola foi mesmo para a África do Sul, e para ficar em um trailer?
MAGDA ZANCHETTA_SÃO PAULO/SP
NOTA DA REDAÇÃO: Sim, o torcedor Ricardo Zamariola está na África do Sul com sua gangue, tentando não congelar no trailer alugado. Deixou a toga em São Paulo.
DIÁRIO DO CINEASTA
Gostei muito do depoimento de Charly Braun (“Se não melhorar, talvez eu vá dirigir um táxi”, piauí_45, junho 2010). É incrível como a burocracia está incrustada na sociedade. Sou “aprendiz de designer” e sei muito bem como é receber sonoros “nãos”, ou pior, não ser sequer recebido. Por diversas vezes, tentei contato com agências de publicidade, sem sucesso, simplesmente por não ter um diploma que “comprove” minhas qualidades artísticas (digitalmente falando). Espero que nosso amigo do Diário tenha mais apoio no seu próximo filme. E, por favor, que pare de fumar.
LEANDRO BORDONI _SÃO PAULO/SP
PIAOUI
Uma torneira porto-alegrense conversava com uma pia parisiense.
Torneira: “Tu gostas de alguma revista brasileira?”
Pia: Oui.
MATHEUS BORGES _TAPES/RS
PELA VOLTA DO CONCURSO LITERÁRIO
Tempos atrás, quando descobri a revista, descobri também aquele cantinho no final de cada edição, próximo às Cartas, onde textos literários de leitores-escritores eram publicados todos os meses. Achava superbacana aquele espaço democrático num veículo sério de comunicação, numa época em que se torna cada vez mais difícil ser original.
Eu sou um escritor. Publico meus textos em blogs na internet. Vi naquele espaço uma ótima ferramenta para divulgar o talento de pessoas que estão caminhando numa estrada paralela à da “literatura social”, aquela que é feita de tapas nas costas e indicação amiga. A literatura, hoje, perdeu um pouco do seu status artístico, mas bons poetas estão soltos pelo mundo, vagando em poemas imaginários enquanto despacham relatórios de trabalhos burocráticos. Ou enquanto atendem pacientes, consertam computadores ou vendem promoções ao telefone, falando em gerúndios sistemáticos, errantes e pragmáticos. O meu objetivo é apostar e incentivar esses autores e, com isso, desmantelar as rodas literárias caducas.
AFFONSO HENRIQUE N. DE SOUZA/PETER ZOSTER_SEROPÉDICA/RJ
DONA GEROMINHA
Como não mergulho na revista prestando atenção às seções, acabo sempre lendo a parte de Ficção como se fosse algo verídico. Ao término da história de dona Gerominha (“5 Figuras e 1 coletivo”, piauí_44, maio 2010), fiquei pensando na paciência e na capacidade de uma senhora idosa ao olhar Matrix Reloaded quinze vezes seguidas, Crepúsculo dezessete, e trezes vezes O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei. Até que percebi que se tratava de personagens existentes apenas no universo criativo de Nuno Manna. Na trave, pois estava quase sugerindo a vocês que contratassem dona Gerominha como colaboradora da seção Questões cinematográficas. Muito obrigado por me surpreenderem (quase) sempre!
JAIMESON MACHADO GARCIA_SANTA MARIA/RS
RETRATO ÀS AVESSAS
Com minhas leituras em atraso, somente agora consegui ler o artigo de Ian Jack (“Retrato às avessas”, piauí_44, maio de 2010). E não pude deixar de associá-lo ao filme A Classe Dominante, de Peter Medak. Trata-se de uma paródia da elite inglesa, com Peter O’Toole no papel principal. O filme retrata o direito e o avesso da onipotência e da belicosidade, características de diversas elites ocidentais.
ANGELA BEATRIZ S. M. VIANNA_PORTO ALEGRE/RS
EM DEFESA DA PROPULSÃO HUMANA
A previsão de um futuro cheio de lítio me entristece (“Sonhos de lítio”, piauí_45, junho 2010). Não pela Bolívia, à qual quero muito bem. Mas por imaginar que, pelo cenário traçado, as grandes cidades brasileiras vão continuar como estão hoje: piorando. O barulho predominante será o mesmo: ônibus, caminhões, motos e buzinas. O ar pode até ficar um pouco melhor, mas o trânsito seguirá sempre pior que antes. Metrô, que é um carro elétrico bem mais bacana, e já está no mercado há muito tempo, aqui em Belo Horizonte é quase inexistente. E o lítio não poderá “suceder ao petróleo como o principal combustível” porque nas baterias ele não é usado como combustível. As baterias só armazenam energia, que terá de ser gerada de alguma outra forma. Esta, por sua vez, causará impactos diferentes daqueles causados pelo petróleo, mas nem por isso menos graves. Uma coisa não muda: deslocar mais de meia tonelada todo dia para um cidadão transitar por aí exige, sempre, muita força.
Ainda acho que os veículos de 15 quilos movidos a propulsão humana continuam imbatíveis: com vinte minutos, um pastel e um caldo de cana se faz um trajeto urbano razoável. É de longe a melhor relação distância percorrida ÷ tempo gasto x emissão de carbono x preço da garapa e do pastel.
FELIPE JOSÉ_BELO HORIZONTE/MG
REAVALIAÇÃO
O preço é o mesmo, as páginas aumentaram, a qualidade subiu (Chegada, Buarque, Grandin, Ware, Addams, Wright, Iguaçu, Escorel, Despedida), Gotlib não voltou. Só falta fazerem campanha a favor da minha candidata.
PAULO SERGIO DE AZEREDO COUTINHO_RIO DE JANEIRO/RJ
NOTA DA REDAÇÃO: No mês passado, o mesmo leitor escreveu: O preço subiu, as páginas encolheram, a qualidade caiu, Gotlib voltou. Só falta fazerem campanha contra a minha candidata. Nossa resposta permanece a mesma: adoramos a sua candidata, Coutinho. E repetimos a pergunta: quem é ela?