No sonho, o pinto de seu Tomasito nos perseguia como serpente; subíamos nas árvores, berrávamos. Lucía caía de bruços, mas não se machucava: graças a seus peitos, enormes, ela quicava ILUSTRAÇÃO: VÂNIA MIGNORE_2016
Umidade
Primeiro capítulo de um folhetim para meninas¹
Margarita García Robayo | Edição 114, Março 2016
“Assim como no restante da fauna, também nas meninas a umidade atrai porcarias…” Olga Luz percorria a classe inteira e fixava os olhos num ponto invisível acima de nossas cabeças. “Estamos falando de qualquer tipo de umidade?” Tinha o vício de perguntar a si mesma e ela mesma responder. “Sim. O suor também?” Balançava a cabeça em sinal de dúvida, as mãos entrelaçadas sobre a barriga. “O suor também, mas principalmente aquela outra umidade.”
Dalia e eu vivíamos escrevendo bilhetes uma para a outra em nossos cadernos, e Olga Luz nunca percebia. Mas não falávamos, porque Olga Luz era muito sensível aos sussurros, tinha o ouvido treinado: estava na cara que passava horas escutando atrás das portas. [1]
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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