Para economizar o trabalho dos autoritários de plantão, a capa da piauí_175 já nasceu autocensurada em duas versões: chama-se Graças à LSN, a Lei de Segurança Nacional herdada da ditadura. Os leitores, infelizmente, nunca saberão quem é o tal “genocida”, que também atende pelo nome de “pequi roído”.
Apesar disso, a edição deste mês está repleta de boas histórias. Traz o último capítulo da série Arrabalde, uma das mais minuciosas radiografias da imprensa brasileira sobre a questão da Amazônia. Em O que queremos?, João Moreira Salles discute qual é, afinal, a nossa ambição nacional em relação à floresta. A série de reportagens pode ser acessada na íntegra nesta página especial do site da piauí.
Em “Ai, meu Deus”, Camille Lichotti conta a história da cidadezinha onde mais se morre de Covid-19 no Brasil. Ainda no assunto pandemia, Arthur Nestrovski relata como a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – da qual ele é diretor artístico – está se adaptando aos tempos de isolamento social (Música acima de tudo, Beethoven acima de todos).
O mais jovem prefeito de uma capital brasileira – João Campos, do Recife – é perfilado por Consuelo Dieguez em O herdeiro, reportagem que conta também os dilemas da dinastia política originada com Miguel Arraes. Armando Sartori e Raimundo Rodrigues Pereira explicam didaticamente como funcionava a rachadinha da família Bolsonaro, em A Orcrim-FB.
Pelas Esquinas, taquígrafos correm para registrar discursos no Congresso, a família de Gilberto Gil forma uma banda e uma antiga líder camponesa é vacinada contra a Covid, enquanto um astrofísico investiga um canto obscuro da Via Láctea.
A edição de abril traz ainda um trecho de Casta: As Origens do Nosso Mal-Estar, livro a ser lançado pela editora Zahar, que revela como a legislação racial dos Estados Unidos influenciou os métodos de Adolf Hitler.