Fuga de cérebros, de Vito Quintans
Na piauí_183
A capa e os destaques da edição de dezembro
Na contramão do mundo, o Brasil vai fazendo o impossível para se livrar de seus cientistas no meio de uma pandemia. O governo estrangulou a pesquisa com cortes orçamentários e dissemina desinformação – como, por exemplo, incentivando o uso de remédios contra parasitas para combater um vírus. Sem condições de permanecer por aqui, pesquisadores aproveitam oportunidades de ir trabalhar em locais onde tenham as mínimas condições necessárias para tal. Fuga de cérebros, ilustração de Vito Quintans, é a capa da piauí_183.
À ciência, nada, aos amigos, tudo: a fonte do chamado “orçamento secreto” e das emendas de relator não seca jamais. Angélica Santa Cruz foi a Alagoas, estado natal do presidente da Câmara e líder do Centrão, Arthur, o miúdo, para ver a festa de arromba que seus correligionários estão fazendo com esses recursos. Na encruzilhada também tem bolo, guaraná e muitos doces para os militares: Consuelo Dieguez mostra que, enquanto o presidente Jair Bolsonaro não mede esforços para seduzi-los, a caserna apega-se ao desejo de controlar Estado e sociedade mesmo quase quarenta anos após o fim da ditadura.
O racismo também é objeto de análise na piauí deste mês. Mitchell Abidor e Miguel Lago tratam do Extremismo à francesa, relatando como o discurso xenofóbico e de extrema direita do jornalista Éric Zemmour se espalhou como uma epidemia por lá, a ponto de colocar seu nome na corrida presidencial para as eleições do ano que vem. O antropólogo João Felipe Gonçalves debate Racismo e asfixia, refletindo sobre os assassinatos por sufocamento de George Floyd, nos Estados Unidos, e de João Alberto Silveira Freitas, em Porto Alegre, no ano passado.
A jornalista Paula Ramón conversou com familiares de vítimas de feminicídio, mulheres que tiveram suas vidas interrompidas por O carrasco em casa. Martha Batalha escreveu aos fãs de Marília Mendonça a carta Todo mundo vai sofrer e detalha como propagar a verdade das mulheres, a exemplo do que fez a Rainha da Sofrência, pode transformar uma sociedade.
Outra mulher forte mostra A nova cara do ativismo: Txai Suruí, única brasileira a discursar na cerimônia de abertura da conferência da ONU sobre mudanças climáticas em Glasgow, na Escócia, é perfilada por Bernardo Esteves nesta edição de dezembro. Enquanto isso, Alan Bordallo conta como o povo Tekohaw conseguiu controlar a Covid-19. Sem um caso sequer de contágio, os Tekohaw já retomaram a bonita Festa da Menina-Moça, que marca o Adeus à infância, fotografada por Raimundo Paccó.
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