Nova York tem, proporcionalmente, o dobro de mortes da cidade de São Paulo

A pandemia de coronavírus colapsou o sistema de saúde de Nova York no começo deste ano. A cidade, epicentro da doença nos Estados Unidos, foi uma das mais afetadas no mundo – e os dados mostram que esse cenário não foi revertido. Até dia 10 de dezembro, mais de 24 mil nova-iorquinos morreram, uma taxa de 293 mortes a cada 100 mil habitantes – o dobro da taxa na capital paulista, de 120. Em São Paulo, primeiro epicentro da epidemia no Brasil, foram registradas mais de 14 mil óbitos até a mesma data.
Durante entrevista coletiva nesta segunda-feira (14), o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, recomendou que a população se preparasse para um novo lockdown se o novo coronavírus continuar se disseminando rapidamente pela cidade. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB) descartou a adoção de novas medidas de isolamento na cidade. O governador João Doria, do mesmo partido, também compartilha dessa postura. São Paulo é hoje um dos dezoito estados brasileiros com alta na média móvel de mortes. O pico na capital aconteceu em maio e, desde o fim de julho, a média móvel de óbitos estava em queda. Mas dados da prefeitura de São Paulo mostram que houve um aumento das mortes diárias desde o início de novembro e o crescimento de novos casos está acelerado. O último inquérito sorológico da prefeitura, realizado em setembro, estimou que, àquela época, mais de 13% dos paulistanos já estavam infectados com o novo coronavírus.
O governo de São Paulo tem um acordo para compra de vacinas da farmacêutica Sinovac, desenvolvida em parceria com o Instituto Butantan. Mas, por enquanto, os resultados preliminares da última fase de testes da vacina ainda não foram entregues à Anvisa, órgão que pode autorizar o uso do imunizante no Brasil. Tudo isso acontece em meio a uma batalha política, capitaneada pelo presidente Bolsonaro – cuja equipe ainda patina no plano de imunização nacional – e pelo governador de São Paulo.
João Doria anunciou que a vacinação no estado começará em janeiro do ano que vem. Mas os especialistas são mais cautelosos. Em entrevista ao UOL, o professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, Fernando Aith, disse que é “irresponsável” divulgar uma data para vacinação sem o registro do imunizante. O governo federal, diferente de países como Estados Unidos e Canadá, só fechou acordo de compra com uma fabricante de vacinas até agora, a AstraZeneca – além do consórcio Covax, iniciativa da Organização Mundial da Saúde. Nos Estados Unidos, a vacinação começou na última segunda (14) e a primeira dose foi aplicada em uma enfermeira de um hospital nova-iorquino.
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