As equipes de resgate no local do desastre: dois anos depois, Trajano voltou à Varig para comprar nova passagem à Europa, contou que estava no avião que caiu, nunca chegou ao destino e disse: “Acho até que merecia ganhar uma passagem” CRÉDITO: REPRODUÇÃO_MUSEU DOS BOMBEIROS DE PARIS_1973
Num avião em queda, cinco minutos de pavor
O relato de um sobrevivente de um acidente com 123 mortos
Ouça agora um trecho da reportagem sobre o único passageiro a sobreviver ao acidente com o Boeing da Varig, que caiu em 11 de julho de 1973 nos arredores do aeroporto de Orly, em Paris.
Sentado à janela na poltrona 27-F, na penúltima fileira do Boeing da Varig, Ricardo Trajano percebeu uma fumaça fina e branca que vinha dos fundos, próxima aos banheiros.
Numa atitude instintiva, decidiu caminhar para a frente da aeronave. O comissário mandou Trajano retornar ao seu assento e colocar o cinto de segurança.
Ele ignorou a orientação.
A fumaça começava a se espalhar.
Na cabine, o comandante informou à torre de controle do aeroporto de Orly, em Paris, que havia “problema de fogo a bordo” e precisaria fazer uma “descida urgente”.
Faltavam menos de 10 km para alcançar a pista do aeroporto.
A fumaça, antes branca e fina, agora ficara escura e densa.
A tensão evoluiu para o pavor.
Trajano, a essa altura, já estava próximo a cabine de comando.
Assim que a torre autorizou o pouso, o avião desceu a 2 mil pés e, com o movimento brusco, quem estava de pé desabou no chão.
Às 14h03, a 5 km da pista de pouso, o equivalente a 1 minuto de voo, os pilotos, ao perceberem que a fumaça espessa e tóxica tomava a aeronave, resolveram fazer o pouso forçado mesmo antes da pista.
Quando o avião tocou a plantação situada a 20 km de Paris, deu-se um estrondo.
“O barulho mais alto que ouvi na vida. Depois disso, desmaiei”, lembrou Trajano.
Leia a íntegra da reportagem de Pedro Tavares sobre o passageiro sobrevivente do voo 820 na edição de agosto da piauí.
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