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    As equipes de resgate no local do desastre: dois anos depois, Trajano voltou à Varig para comprar nova passagem à Europa, contou que estava no avião que caiu, nunca chegou ao destino e disse: “Acho até que merecia ganhar uma passagem” CRÉDITO: REPRODUÇÃO_MUSEU DOS BOMBEIROS DE PARIS_1973

anais da memória

O único passageiro sobrevivente da maior tragédia aérea da Varig

Como foi passar o dia 11 de julho com Ricardo Chust Trajano, que, há exato meio século, sobreviveu a um acidente aéreo que matou 123 pessoas

Pedro Tavares | Edição 203, Agosto 2023

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“Feliz segundo aniversário pro paps!!” A mensagem chegou às 9h34 de terça-feira, dia 11 de julho. Era só a primeira que Ricardo Chust Trajano, pai de duas filhas, receberia ao longo do dia. Ele havia acordado um pouco mais tarde que o habitual e, em torno das sete da manhã, tomou banho e depois ajeitou as fotos antigas que havia pendurado na parede da sala naquela semana, acima do sofá. Fez uma publicação no Instagram, onde tem 23 mil seguidores, e só então foi tomar uma xícara de café sem açúcar e comer seu biscoito de massa folhada. Foi quando recebeu a mensagem de Marina, 22 anos, sua caçula.

Enquanto respondia aos cumprimentos que pipocavam no celular, Trajano passou a manhã revendo artigos de jornais antigos e álbuns de fotografias. Às 12h30 dispensou a quentinha que normalmente compra de uma moradora do seu prédio e caminhou até um restaurante, a 500 metros do seu apartamento, no bairro Santa Amélia, em Belo Horizonte. Comeu peixe empanado com arroz. Às 13h40, estava terminando a sobremesa, um prato de pudim e figo em calda. “Uma delícia”, comentou. Ao sair, pegou uma dose de cachaça, cortesia do restaurante. Quando caminhava de volta para casa, exatamente no momento em que o relógio marcou 14 horas, bebeu o último gole e jogou o copinho de plástico na lixeira da calçada.

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