No exílio, na Argentina, depois de deixarem a embaixada no Chile: da esq. à dir., Carlinhos, Ernesto, um garoto desconhecido e Joca, irmão de Flávia Castro, sentada no centro, com Pedro CRÉDITO: ACERVO PESSOAL
Um refúgio após o golpe no Chile
Nos 50 anos da quartelada de Pinochet, cineasta rememora os noventa dias que viveu na Embaixada da Argentina em Santiago, quando tinha 8 anos
Há cinquenta anos, em 11 de setembro de 1973, um golpe militar derrubou o governo do socialista Salvador Allende no Chile. A cineasta Flavia Castro, então com 8 anos, vivia em Santiago com seus pais, militantes comunistas, e seu irmão, Joca, de 4 anos. Pouco depois do golpe de Augusto Pinochet, a mãe com as duas crianças e uma amiga de Flávia buscaram refúgio na Embaixada da Argentina.
Na piauí deste mês, Castro rememora aqueles dias tensos e como foi sua vida durante noventa dias na embaixada, onde se acumulavam mais de setecentos asilados.
Ela conta:
“A primeira impressão que tive ao chegar à embaixada – a de que o golpe não cabia ali dentro – se desfez em poucas horas. Havia angústia e tensão. A expectativa de todos era ter o seu nome na lista dos que partiriam no próximo avião. Entre os brasileiros, a maioria não tinha sequer 30 anos. Muitos deles haviam sido presos e torturados no Brasil. O Chile de Allende foi generoso no acolhimento desses militantes e estar na embaixada tinha muitos significados. Simbolizava mais uma derrota política na América Latina. Provavelmente, reforçava ainda mais a urgência de seguir na luta contra as ditaduras. E, mesmo com as perdas e feridas recentes que carregavam, alguns asilados experimentaram esse confinamento em que estavam protegidos como um parêntese em suas vidas, no qual alguma leveza era possível. Eles riam, cantavam, namoravam muito.”
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