19dez2016 | 12h03 | Brasil

Unesco reconhece Trancoso como maior colônia paulista fora do Japão

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A vila de Trancoso, ao sul do litoral baiano, recebeu ontem da Organização das Nações Unidas Para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) o certificado de colônia paulista, colocando-a logo atrás do Japão no ranking dos mais importantes territórios estrangeiros do estado de São Paulo, que concentra a maior parte da renda e produção brasileiras.

O reconhecimento do país asiático como departamento paulista coroa anos de disseminação de costumes considerados adequados ao capitalismo industrial moderno, como as jornadas de trabalho de 23 horas diárias, o culto à USP, e a abreviação dos nomes próprios a apenas uma sílaba.É creditado aos primeiros emissários paulistas, por exemplo, a disseminação da tecnologia arquitetônica que emancipou os nipônicos do jugo das construções frágeis com paredes de papel manteiga e inaugurou a era dos edifícios neoclássicos.

Na capital paulista a notícia do título foi recebida com júbilo por populares, como Donata Meirelles, diretora de estilo da Vogue Brasil, para quem a cultura local do vilarejo ainda hoje preserva modos de viver que remontam ao período colonial. Segundo a fashonista, viajar para a colônia é ser transportado para outra época: “aqui em Trancoso a cultura local é preservada desde que a vila foi fundada. Diz-se que os índios permutaram com navegadores portugueses cocares e chocalhos por espelhos e miçangas, mas os livros de história-com-partido não dão lugar aos empresários. Quais eram as marcas dos cocares? Osklen, Rosa Chá? Não sabemos. As nossas vozes foram caladas. O título da UNESCO é uma oportunidade de retificar esse silenciamento”.

No dia 22 de janeiro de 2017 será realizada uma cerimônia de entrega do título, a ser recebido pelo prefeito eleito João Doria. Em nota, o futuro alcaide ressaltou a capacidade que os territórios estrangeiros paulistas têm de acolher o estrangeiro como local, desarmando, portanto, potenciais conflitos de caráter religioso e xenofóbico. “Não há de forma alguma distinção entre baianos e paulistas. Embora muitas vezes não estejam com os documentos imigratórios em dia, muitas vezes os locais são tratados como membros da família”. Para o início da sua gestão, Doria prometeu instalar faixas exclusivas no Quadrado para que os silvícolas trafeguem em seus veículos, tipicamente feitos de coqueiro e babaçu.