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piauí jogos

    ILUSTRAÇÕES: NEGREIROS_2010

tipos brasileiros

Apontamentos de um fissurado em games

Fragmentos encontrados por um arqueólogo no HD de Darth_Gonzales15

Vanessa Barbara | Edição 42, Março 2010

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Meu nome é Darth_Gonzales15 e a realidade continua a me decepcionar. Hoje acordei cedo – ainda não havia escurecido – e fui à padaria, onde as broas pareciam 2D e o mundo não chegava nem perto dos gráficos do Crysis. Odeio o mundo real. É sempre uma decepção opaca, lenta, antiquada e sem surround 5.1. Isso sem falar no sol, uma fonte que emana calor de verdade e não tem controle de contraste.

Estando sem a minha pintura de guerra e a clava dupla de ganchos mortíferos (Kratos!), decidi partir para a tática de espreita dentro da guarnecida fortaleza panificadora, como se estivesse num game do gênero stealth. À maneira do caolho Garrett (protagonista de Thief: The Dark Project) ou do ninja Rikimaru (Tenchu: Stealth Assassins), passei pela porta sem ter que alvejar ninguém, servindo-me apenas da astúcia e de modos furtivos. Soltei uns dez shit, mas consegui.

Por conta disso, ganhei dez pontos de estratégia e um bônus de resistência física. Também logrei passar despercebido pelo balcão de frios, queijos e embutidos graças às técnicas de camuflagem aprendidas em Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots, em que o herói fica idêntico à calçada, ao barril ou à lixeira mais próxima. “Eu sou apenas um velho matador… Contratado para fazer um trabalho sujo”, exclamei, saudoso do game sangrento que vendeu quase 5 milhões de cópias só no ano passado. Mesmo tendo diálogos cafonas e uma inexplicável obsessão fílmica pelos glúteos do velho Solid Snake.

 

De meu posto avançado entre as bisnaguinhas, tentei executar uma varredura infravermelha do ambiente analógico e hostil, mas não consegui localizar ciclopes, harpias, hidras e centauros. Só o português do caixa, o seu Manoel, que aparentemente esqueceu de personalizar sua armadura e estava de regata contando moedas de 25 centavos. Com os meus botões (Alt e F5), calculei que ele seria um tipo de goblin ou uma criatura primitiva dos mares. Força 2, Habilidade 3, Resistência 1 e Poder de Fogo 5. No final, era só o português mesmo, e nem me deixou pedir fiado.

A jogabilidade do mundo real está cada vez mais fraca.

 

Passei o dia organizando os 12 quilômetros de fiação do meu centro eletrônico de entretenimento. Ao todo tenho dez diferentes consoles. Na linha de frente estão os videogames tradicionais, os que rodam jogos na tela da tevê e têm um controle chamado joystick. São eles: os Playstations 1, 2 e 3 (este último a mais avançada de todas as máquinas de brincar da história), um Nintendo 64, um Dreamcast, um Wii com prancha WiiFit, um Mega Drive com Sega CD (eu caí, desculpa) e um TurboGraphx-16 tardio, que levei numa troca desvantajosa. São traquitanas robustas, confiáveis e, em sua maioria, destravadas para rodar todo tipo de jogos piratas, digo, genéricos. O que não me impede de gastar 239,90 reais num lançamento para PS3. Meu sonho? Um Sega Saturn circa 1995 com conversor de tevê digital, para testar Panzer Dragoon Saga. (O Mojo disse que é bom.)

 

Depois vêm os portáteis, como o PSP e o Nintendo DS, febre entre os mais jovens – diz-se que uma garota perdeu o olho após jogar 17 horas seguidas de Professor Layton and the Curious Village em seu DS cor-de-rosa. Esses têm bateria, podem ser levados no bolso e permitem iniciar uma partida de Mario Kart com a criança de 10 anos que está sentada atrás de você no avião.

Por fim, compõem minha caverna tecnológica três singelas geringonças que não são videogames, mas servem a tão nobre função: o iPhone, o MacBook Pro e o PC. Esse último contém emuladores para todo tipo de plataforma; são softwares que imitam tanto um Master System quanto calculadoras HP, mainframes da década de 50, sistemas operacionais obsoletos e todos os Zeldas jamais criados pelo homem. Tirando os de Wii e GameCube. Mas enfim.

Essas engenhocas melífluas estão todas ligadas, por meio de benjamins contíguos, nas tomadas de um único estabilizador furreca – quando aciono tudo ao mesmo tempo, Furnas emite um comunicado declarando estado de emergência.

 

 

Acabo de empreender uma jornada na frente da tevê de 83 horas de Dragon Quest VIII: Journey of the Cursed King. As primeiras vinte horas foram boas, mas meus pés começaram a inchar e faltou substancialidade à trama, que versa sobre um estranho ente gelatinoso. O chefe final é muito fácil e eu terminei no nível 44. Estou pensando em jogar de novo.

 

Fui nadar à tarde. Boa notícia: a água de Endless Ocean está cada vez mais convincente, e juro que vi um pinguim. Ou era uma tartaruga? No mais, depois de treze horas sem me alimentar, consegui uma montaria voadora épica em World of Warcraft, com drop rate de 0,01%. Sou famoso agora. Além disso, aderi à modalidade de multiplayer para 32 jogadores do Grand Theft Auto IV, o que certamente irá revolucionar minha vida social. Nada como roubar carros e promover a matança com uma gangue de amigos verdadeiramente cossacos!

Essa história de que game sangrento incita a violência não está com nada. Eu, por exemplo, nunca congelei ninguém só para arrancar a perna do indivíduo e com ela arrebentar seu crânio, como o Sub-Zero de Mortal Kombat, que, aliás, também costumava transformar os inimigos em bebês. Tampouco tenho pendor para ser um zumbi canibal (Resident Evil), que dirá para duplas decapitações, desmembramentos aleatórios e demais homicídios grotescos. Entre os meus favoritos estão o massacre da serra elétrica de Gears of War, a decapitação ritualística em Silent Hill II, o esfaqueamento de uma desconhecida em BioShock, o aparafusamento de uma donzela em Phantasmagoria, a queda súbita de Mario em cima da tartaruga (Super Mario), e, por fim, o afogamento do porco-espinho Sonic, que é muito triste e cruel (Sonic the Hedgehog).

Até no inocente The Sims, pacato jogo de simulação de vidas, é possível matar seus próprios personagens por emparedamento, sujeira, incêndio acidental ou mesmo removendo a escada da piscina, deixando o pobre-diabo se afogar.

 

A interface do mundo real me irrita. Por exemplo: por que as pessoas não nos dão informações mediante a resolução de um enigma, como em Professor Layton? E por que não há bolos espalhados pela rua, como em Fat Princess, a saga da princesa gorda? Na área médica, por que não é possível extirpar tumores em dois segundos com um bisturi a laser, como em Trauma Center: Second Opinion? E como ficam as vidas infinitas, o combustível inca que dá força e o unguento satânico que ameniza feridas expostas? Será que ninguém pensou em reflorestar o mundo à força, destroçando o Oeste americano com milhares de sequóias, tal qual o herói de Sam & Max? É por isso que sempre digo: guitarra, só plugada no PS3. Exercício, só o jogo da galinha voadora na prancha do WiiFit.

Em uma palavra: papapishu.

 

Hoje é 24 de fevereiro e meu primo Nuno, que mora em Nova York, já está jogando Heavy Rain: The Origami Killer, “uma aventura gráfica dramática para maiores de 18 anos”. Com mais de 2 mil páginas de roteiro, o lançamento de PS3 é aguardado pelos gamemaníacos como dom Sebastião pelos portugueses após Alcácer Quibir. “Argumento forte” e “perfeição estética” são algumas das propaladas qualidades do game, que, para o meu primo Nuno, é bem legal. “Dá para aprender a fazer origami enquanto o jogo instala seus 4,2 gigabytes obrigatórios no HD”, afirmou ele.

Em resumo: boa noite e até a Páscoa.

Vanessa Barbara
Vanessa Barbara

Escritora e jornalista, é colaboradora do New York Times e da New York Review of Books. Publicou o romance Noites de Alface (Alfaguara) e Mamãe Está Cansada (Companhia das Letrinhas). ). É autora do periódico digital A Hortaliça na plataforma Substack.

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