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A grande ameaça

Aqui a conversa é séria. Desconfiando de Espanha e Argentina, sem acreditar na Inglaterra, na França e no Uruguai, com certo receio mas nem tanto da Itália e enxergando condições de boas campanhas, mas não a ponto de brigar por título, nas seleções da Holanda, Bélgica e Portugal, acho que a Alemanha é a grande adversária do Brasil na Copa. Claro que seria teimosia e infantilidade não dar um mínimo de crédito às seleções espanhola e argentina, mas o perigo maior está no time liderado por Schweinsteiger.

| 11 jun 2014_20h23
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Aqui a conversa é séria. Desconfiando de Espanha e Argentina, sem acreditar na Inglaterra, na França e no Uruguai, com certo receio mas nem tanto da Itália e enxergando condições de boas campanhas, mas não a ponto de brigar por título, nas seleções da Holanda, Bélgica e Portugal, acho que a Alemanha é a grande adversária do Brasil na Copa. Claro que seria teimosia e infantilidade não dar um mínimo de crédito às seleções espanhola e argentina, mas o perigo maior está no time liderado por Schweinsteiger.

A força alemã vem de longe. Mais precisamente, da Copa de 1954, disputada na Suíça. Depois de perderem para a badalada seleção da Hungria na primeira fase, pelo escandaloso placar de oito a três, poucos dias depois os alemães reencontraram os húngaros na decisão e os derrotaram por três a dois.

A partir daí, ninguém chegou tantas vezes à final. Em 1966 na Inglaterra, quando foram surrupiados pela arbitragem em favor dos donos da casa. 1974 em casa, quando tinham um grande goleiro (Sepp Maier) e pelo menos mais três grandes craques (Breitner, Beckenbauer e Overath), e só a combinação desses dois fatores – jogar em casa e ter um ótimo time – seria capaz de derrotar a seleção holandesa de Cruyff, Neeskens, Krol, Rep e Resenbrink. 1982, com um time apenas regular e que sucumbiu ao embalo adquirido pelos italianos após as vitórias sobre Argentina e Brasil. 1986, quando não havia como resistir a Don Diego. 1990, quando mataram dois coelhos com uma bolada só: devolveram aos argentinos a derrota de quatro anos antes e ganharam uma Copa com a ajuda da arbitragem. Os argentinos, que não tinham nada a ver com o que houvera em Wembley em 66, entraram de gaiatos. E, finalmente, 2002, quando foram à Copa cheios de desfalques e jogaram a decisão, contra nós, sem o seu único grande jogador na época – Ballack. São sete finais de Copas do Mundo, além de duas participações memoráveis: em 1970, protagonizaram dois dos jogos mais espetaculares da competição, a vitória por três a dois sobre a Inglaterra e a derrota por quatro a três para a Itália; e em 2010, na África do Sul, fizeram a melhor exibição da Copa, na goleada de quatro a zero sobre a Argentina.

É um currículo de responsa. Mas nada disso teria serventia se eles estivessem numa fase de transição, se rearrumando, remontando o time. Mas não. Quase todos os que virão ao Brasil estavam na Copa de 2010. Além disso, o futebol alemão tem feito um grande trabalho fora de campo.

A Bundesliga é o campeonato nacional com a maior média de público em todo o mundo. O Bayern de Munique já virou unanimidade – não há quem não o coloque na lista dos cinco melhores times do planeta. E a seleção joga um futebol moderno, que combina organização defensiva, rapidez na saída de bola, ocupação de espaços e jogadores completos no meio-campo.  

Os alemães sempre tiveram excelentes goleiros. Da mesma linhagem de Sepp Maier, Schumacher e Illgner, Neuer e Weidenfeller são sérios e seguros, jamais dão voos mirabolantes, não fazem pontes acrobáticas, não jogam para a plateia.

Lahm é um lateral que combina seriedade defensiva com ótima participação nas jogadas de ataque. Hummels é considerado um dos melhores zagueiros do futebol europeu, Boateng é firme, acho Mertesacker meio desajeitadão, mas o que importa no sistema defensivo alemão é a firmeza da operação. E o melhor de tudo está no meio-campo, onde não existe a figura do cara que só desarma e nem a do que só quer bola limpa no pé. Schweistenger, Khedira, Toni Kroos, Thomas Muller, Gotze, Ozil. Sejam quais forem os titulares, todos atacam, todos defendem, todos sabem jogar bola.

Para não ficar só na tietagem: se o que está por trás da convocação de Klose é a intenção de fazê-lo superar Ronaldo como o maior artilheiro da história das Copas, é uma grande bobagem. E se o futebol alemão não conseguiu produzir, nos últimos doze anos, centroavante melhor do que ele, bom pra gente. A ausência de atacantes do mesmo nível que o restante do time é o ponto fraco dos alemães. Basta lembrar que o ataque titular do Bayern é formado por um holandês, um croata (a ser substituído em breve por um polonês) e um francês.

Enfrentando Portugal, Estados Unidos e Gana, a Alemanha não deve ter problemas para encerrar a fase de classificação em primeiro lugar, e nem para passar das oitavas: o adversário sairá do grupo formado por Bélgica, Rússia, Coreia do Sul e Argélia. Existe uma chance bastante boa de termos Brasil e Alemanha na semifinal. Um dos chavões do futebol diz que quem quer ser campeão do mundo não pode escolher adversário. O discurso é bonito, mas ajudaria um bocado se os alemães caíssem antes.

Confira aqui as análises das demais seleções

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