Bússola de cozinha

É bom saber que mesmo os cozinheiros mais experientes erram e isso é normal. Também é normal sentir uma certa apreensão quando se cozinha para outras pessoas. A melhor maneira de evitar problemas na cozinha é planejar.

Antes de começar a preparar uma receita, procure ler o enunciado até o fim, com bastante atenção. Se possível, leia mais de uma vez e, se tiver dúvidas, procure esclarecer antes de começar a fazer a receita, principalmente se cozinhar ainda é novidade. Mesmo que você não seja um principiante, repasse mentalmente o que vai fazer para ter certeza de contar com todos os utensílios e ingredientes.

– Lida a receita, separe e prepare (pese, meça, pique, limpe, corte, e etc) os ingredientes e todos os utensílios necessários. Só comece quando tudo estiver, se não ao alcance das mãos, pelo menos bem à vista. Nada pior do que dar pela falta de um ingrediente no meio do processo, especialmente se os demais ingredientes já estiverem no fogo, esperando.

– O prato será tão bom quanto os ingredientes que você usar. Dá certo, e é recomendável, adaptar o tempero ao gosto de cada um, o que nunca dá certo é substituir ingredientes por alternativas de qualidade inferior.

– Um bom critério para aumentar ou diminuir quantidades é imaginar o que você gostaria de encontrar no seu prato quando for comer.

– Cozinhar é também questão de estilo. Alguns cozinheiros gostam mais de preparar pratos exuberantes e operáticos, outros se dão melhor com a exatidão de medidas dos doces. Tem também aqueles que são aparentemente minimalistas e arrasam na arte do arroz-e-feijão, da comida cotidiana pura e (nada) simples. Procure descobrir o seu estilo e, quando for cozinhar, tente manter a atenção relaxada e sem aflições.

O tipo de atenção boa para cozinhar é a mesma que Dr Freud batizou de atenção flutuante e recomenda que os psicanalistas mantenham ao escutar seus pacientes. Simplificando, consistiria em prestar atenção igual a tudo e, principalmente, evitar cozinhar com foco exagerado nas próprias expectativas sobre o prato ou na ‘seriedade’ da tarefa. Quem tem uma vozinha interna de professora chata exigindo sofrimento e disciplina precisa abafar essa voz, até conseguir demitir essa autoridade interna chata. Conversar ou ouvir música ajuda a manter a atenção no ponto ideal.
 

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Fogo brando e som nem tanto

No refeitório de piauí tudo é silêncio, mas na cozinha a coisa é outra. Alguns cantam (foto acima), outros preferem trilha sonora para trabalhar pois sentem que os movimentos acompanham a cadência da música escolhida e a tarefa se conclui lindamente, com a cozinha impecável, a receita bem sucedida e a alma leve. Para os que compartilham da preferência, algumas recomendações sonoras testadas e aprovadas em nossa cozinha. Dançar é facultativo.

1 – ‘How long do I have to wait for you".  Com Sharon Jones & The Dap Kings.

2 – ‘You’ve made me so very happy‘ com Alton Ellis. Devagar e sempre

3 – Buddy Guy e Jeff Beck, só para quem é capaz de manter a concentração facilmente: Mustang Sally

4 – Un homme et une femme – Clémentine. Para animar os duvidosos do próprio talento

5 – E para quem precisa de um incentivo extra-plus a mais, Janis Joplin: Try (Just a Little bit Harder)

6- Fever – Peggy Lee. Para os que circulam com a colher de pau em uma mão e um Martini na outra

7 – Jackson Five: ótimo para acelerar as tarefas

8 – Finalmente, se é bom para o Banksy é bom para nós: Richard Hawley, Tonight the streets are ours