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A hora do chororô

Esse é o momento do campeonato em que os arautos da justiça veem balançar alguns dos seus argumentos a favor dos pontos corridos. E é também quando começa o generalizado chororô de quem não fez o que devia, e agora exige que os outros façam por ele.

| 25 nov 2013_11h56
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Esse é o momento do campeonato em que os arautos da justiça veem balançar alguns dos seus argumentos a favor dos pontos corridos. E é também quando começa o generalizado chororô de quem não fez o que devia, e agora exige que os outros façam por ele.

No primeiro caso, tudo o que penso sobre o embate pontos corridos x mata-mata está no post publicado em 24 de maio, logo no segundo dia de vida deste blog. Resumindo: querer misturar futebol e justiça é quase como querer matar o futebol, tirando do jogo um de seus aspectos mais empolgantes.

Como não sou xiita, procuro entender os defensores dos pontos corridos – a não ser quando eles falam em justiça –, mas continuo favorável a uma fórmula mista, com vantagens nos mata-matas decisivos aos maiores pontuadores da fase de classificação.

Ajustando o foco do post para os que lutam contra o rebaixamento: o Cruzeiro que o Criciúma enfrentou na 31ª rodada foi o mesmo Cruzeiro que o Vasco enfrentou no sábado? Não me lembro do Dedé ter pedido dispensa daquele jogo. Não me lembro de nenhum jogador cruzeirense sugerir a alguém do Criciúma que fizesse mais um gol.

Que fique bem claro: entregar jogo é uma coisa, falta de motivação é outra. Queriam que o Cruzeiro fizesse o quê? Depois de dar um duro danado para abrir dezesseis pontos em relação ao segundo colocado, que o time treinasse e jogasse com a dedicação e o afinco que mostrou até a 34ª rodada? Que seus jogadores fossem em todas as bolas, como dizia o filósofo praieiro Neném Prancha, como vai um faminto ao prato de comida? Que expusessem tíbias e tornozelos nas divididas com adversários dispostos a dar o sangue em campo para não deixar seu clube repetir a triste ida para a segundona? Tudo isso é compreensível, mas não me venham falar em justiça. Ou só nos preocupamos com a justiça lá na ponta da tabela?

Esse também é o momento em que os times que não fizeram a parte que lhes cabia tentam transferir responsabilidades. Se acontecer do Vasco escapar e o Criciúma cair, não vão faltar torcedores e diretores do clube catarinense botando a culpa do desastre na falta de empenho do campeão. Por isso, vale lembrar o que disse o goleiro Wilson, hoje no Vitória, quando ainda defendia o Figueirense e seu time desceu para a série B. O Figueirense foi matematicamente rebaixado numa partida em que teve dois gols mal anulados, e acabou perdendo para o Flamengo por um a zero. Perguntado a respeito, na entrevista após o jogo, Wilson disse que o Figueirense havia cometido tantos erros durante o ano que não seria correto atribuir a queda àqueles erros de arbitragem. Pena que o bom senso e a franqueza de Wilson sejam tão raros quanto um gol do Corinthians.

O choro é livre, mas o que está por trás dele é feio: não pega bem varrer as próprias bobagens para debaixo do tapete e querer que os outros joguem com o comprometimento que eles mesmos, os chorões, só conseguiram ter quando já era tarde e a Inês da primeira divisão estava morta.     

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