Pedro Corrêa do Lago
Pedro Corrêa do Lago é mestre em economia pela PUC - Rio. Foi autor do blog questões manuscritas no site da piauí
histórias publicadas
O ingresso para a final da Suécia
No momento em que o Brasil alimenta a fundada esperança de vencer pela sexta vez a Copa do Mundo de Futebol e tornar-se assim o primeiro país a conseguir tal feito, a pequena peça reproduzida nesta página evoca tempos muito mais modestos, há quase 56 anos, quando o Brasil conquistou a primeira vitória mundial.
A contribuição de Hilda Hilst
Datada de outubro de 1979, a carta aborda inicialmente o projeto de publicação de um volume com sua poesia completa, do qual Hilda quer expurgar as primeiras produções:
“Achei prudente não colocar os três primeiros livros (verdade que são horríveis!). Achei meus primeiros poemas todos muito ruins, alguns totalmente idiotas, Wilson Martins disse uma vez que deveria ser proibido a menores de 25 anos publicar poesia, endosso agora completamente, com Presságio eu tinha 20, com Balada de Alzira, 21, com Balada do Festival (o melhorzinho), tinha 25".
Uma resposta ligeira de Ayrton Senna
A carta reproduzida nesta página é dirigida a uma fã no começo de sua carreira na Formula 1. Pouco mais tarde, Senna já não podia responder às milhares de cartas que passou a receber, mas esta, assinada pela carioca Cristina Junqueira, parece tê-lo tocado especialmente entre as muitas que já recebia, em agosto de 1986. Senna tinha 26 anos e morava em Londres, para viajar mais facilmente para os grandes prêmios.
Caymmi e Lacerda, irmãos improváveis
Por coincidência comemora-se esta semana o centenário de dois brasileiros que pouco tinham em comum, mas que nasceram no mesmo dia 30 de abril de 1914: Dorival Caymmi e Carlos Lacerda.
Não foram companheiros de maternidade, pois Dorival nasceu na Bahia e Lacerda no Rio de Janeiro e talvez tenham até demorado muito em saber que eram quase gêmeos astrológicos (se é que algum dia acreditaram na astrologia).
O passaporte virgem de Nelson Rodrigues
O documento reproduzido nesta página é o último passaporte emitido em seu nome, em abril de 1970, quando o grande dramaturgo tinha 57 anos. É possível que planejasse alguma viagem à Copa do Mundo de 1970, que ocorreu no México dois meses após a emissão do documento, mas sua saúde já começava a declinar nessa época. Isso talvez explique porque o passaporte deixou de ser usado ou renovado nos dez anos que Nelson ainda teve de vida, e permaneceu virgem de qualquer carimbo de país estrangeiro.
Jango pede um favor a Juscelino
O documento reproduzido nesta página ajuda a evocar a avassaladora quantidade de trocas epistolares entre as diversas autoridades do século XX, quase sempre com o objetivo de obter empregos, recomendar pessoas ou trocar favores.
A pequena carta é interessante pois liga os nomes de dois protagonistas da política brasileira, que dois anos mais tarde tornariam-se presidente e vice-presidente da República: Juscelino Kubitschek e João Goulart.
O Schindler brasileiro
O embaixador Luís Martins de Sousa Dantas é hoje reconhecido por ter concedido mais de quinhentos vistos para refugiados judeus em 1940, contra as restrições então vigentes do governo brasileiro. Mesmo tendo salvado muitas vidas, passou mais de quarenta anos esquecido. Teve sua atuação reestudada nas últimas duas décadas e ganhou o título póstumo de “Justo entre as nações”, concedido àqueles que mais ajudaram a proteger judeus durante a II Guerra Mundial.
É conhecido agora por isso como o “Schindler brasileiro”, uma referência a Oskar Schindler, o herói do famoso filme de Steven Spielberg “A Lista de Schindler”.
Governador Bush responde
Os governadores são sempre muito atentos aos pedidos dos eleitores, pois um pequeno passo em falso pode significar, numa reeleição, a perda de muitos votos. Nesse sentido, o gabinete do governador procurava atender ao máximo a todos os pedidos, mesmo aquele, de um simples aluno da escola cristã Midland, Brent Crockett, que tinha como dever escolar entrevistar uma pessoa famosa.
Brent mandou, em setembro de 1996, uma série de perguntas ao governador, que Bush respondeu a lápis nas duas páginas do próprio fax do questionário.
Roosevelt e a selva amazônica
Há pouco mais de cem anos, o ex-presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, que havia governado seu país de 1901 a 1909, queria realizar um sonho aventureiro de infância e participar de uma expedição pela selva amazônica.
Teve a inteligência de aproveitar a recomendação do então ministro das Relações Exteriores do Brasil, Lauro Muller, que lhe propôs o melhor guia que podia esperar obter naquele momento: o futuro Marechal Rondon, então Coronel Cândido Mariano da Silva Rondon. O militar orientou a viagem do ex-presidente americano, que quase morreu das febres tropicais contraídas em suas andanças, apesar de todos os cuidados de Rondon.
Os tempos de Orson Welles
Orson Welles é lembrado no século XXI como o diretor daquele que muitos consideram o filme mais importante do século XX, Cidadão Kane, que Welles realizou em 1941, com apenas 26 anos.
Welles também teve um papel importante para o Brasil ao produzir e dirigir o filme inacabado (e nunca exibido em vida do cineasta), Is all true, (É tudo verdade) que o levou a passar vários meses entre nós em 1942.
Uma faceta menos conhecida de Welles é seu talento de desenhista, patente nos dois autorretratos mostrados nesta página, separados por quase 40 anos.