Ilustração: Carvall
O que será da direita pós-Bolsonaro?
Direita liberal precisa se diferenciar da predatória e da lunática, irmanadas no bolsonarismo
A direita e a centro-direita saíram fortalecidas do primeiro turno. Em 21 estados, legendas à direita já conquistaram o Executivo ou disputarão o segundo turno. Mas será que é possível enxergar uma direita para além de Bolsonaro? Se sim, de que maneira ela se configura? Textos publicados na piauí ajudam a compreender o passado e o futuro dos movimentos de direita.
Uma direita mais radical começou a mostrar seus primeiros sinais muito antes de Bolsonaro. Mas, hoje, o bolsonarismo é hegemônico no campo das direitas contemporâneas no país. Uma possível derrota de Bolsonaro pode ser benéfica para o movimento como um todo e viabilizar uma reorganização política dos grupos direitistas – é o que mostra a colunista Camila Rocha em A direita para além de Bolsonaro.
Foi no ódio ao PT e à esquerda disseminado por grupos de direita que Bolsonaro encontrou combustível para impulsionar sua candidatura e, posteriormente, sua eleição. Consuelo Dieguez reviu as estratégias do presidente para captar esse grupo através do discurso e chegar ao poder (O ninho da serpente).
A disputa de narrativas no campo da direita deveria também ser de interesse de todos os democratas, como pontuou Sergio Fausto no artigo Que falta faz uma boa direita, publicado na piauí_156. Resta saber o que prevalecerá no futuro próximo: se a direita conseguirá ter feições moderadas e democráticas ou se, pelo contrário, predominarão em sua identidade os grupos pesadamente conservadores, antidemocráticos e punitivistas. “A direita liberal precisa estar atenta a sinais que apontem na direção de mutações institucionais e culturais nocivas à democracia e se manifestar com clareza a respeito desse perigo”, escreve.