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Existe arroz à grega, iogurte grego, churrasco grego. Mas futebol grego não existe

A maior contribuição da Grécia ao universo do futebol aconteceu em 1982, quando foi lançado Monty Python Ao Vivo no Hollywood Bowl e um dos esquetes mostrava a seleção dos filósofos gregos derrotando a dos filósofos alemães. Mesmo assim, o gol da vitória grega foi irregular, já que Sócrates estava impedido quando concluiu de cabeça o lance que começou com uma tremenda sacada de Arquimedes. Marx tinha razão em chiar.

| 20 mar 2014_12h52
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A maior contribuição da Grécia ao universo do futebol aconteceu em 1982, quando foi lançado Monty Python Ao Vivo no Hollywood Bowl e um dos esquetes mostrava a seleção dos filósofos gregos derrotando a dos filósofos alemães. Mesmo assim, o gol da vitória grega foi irregular, já que Sócrates estava impedido quando concluiu de cabeça o lance que começou com uma tremenda sacada de Arquimedes. Marx tinha razão em chiar. 

As duas únicas participações da Grécia em Copas do Mundo são esquecíveis: em 94 perdeu os três jogos da fase de grupos, levou dez gols e não marcou nenhum. Em 2010 conseguiu uma vitoriazinha, mas novamente caiu na primeira fase. Ontem, apesar de ter dado trabalho ao milionário, cheiroso e bonitão Manchester United, o Olympiacos sucumbiu aos gols de Van Persie e às defesas de De Gea, e parou nas oitavas de final da Champions League.

O futebol grego começou a ser olhado com um pouquinho mais de respeito – de zero a dez, grau um – após a conquista da Eurocopa de 2004, disputada em Portugal. Uma competição estranha, em que a Grécia venceu França, República Tcheca e Portugal, nas quartas, semi e finalíssima, sempre por um a zero e com três gols de cabeça. Jogava toda lá atrás e tome de bola alta, mas conseguiu o indiscutível mérito de derrotar na final os donos da casa, dirigidos por Felipão. Pé de pato, mangalô, três vezes.

O título não ajudou o futebol grego a evoluir muito, e tudo indica que a Grécia só vem ao Brasil porque suas adversárias nas eliminatórias foram as seleções da Eslováquia, Lituânia, Letônia e Liechtenstein. Segundo lugar nesse grupo vencido pela Bósnia-Herzegóvina, superou bem a Romênia na repescagem. Na primeira fase do mundial, vai encarar Colômbia, Costa do Marfim e Japão. Com essa concorrência fajuta até dá para a Grécia ser uma das duas primeiras, repetindo a fórmula de sua euroconquista: retranca disciplinada e indigestão de bola aérea. Mas para ir além das oitavas isso é pouco, e será preciso trocar os razoáveis Torosidis, Maniatis, Samaris e Samaras pelos poderosos Zeus, Poseidon, Hermes e Dioniso.

Nos anos oitenta, havia uma figura um tanto surreal no cenário da música pop: Demis Roussos. Grego nascido no Egito, morava na França, cantava em inglês, fundara na década anterior uma banda helênica de rock progressivo (Aphrodite’s Child), fez muito sucesso na carreira solo e, mais tarde, passou algumas tardes de sábado se apresentando no Cassino do Chacrinha.

Mais bizarro que a seleção da Grécia na Copa do Mundo, só mesmo Demis Roussos.

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