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Futebol inglês: dinheiro na mão é vendaval.

| 12 mar 2014_14h46
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AFP PHOTO

Deus castiga certos homens tornando-os ricos. O ditado é discutível, mas explica em parte o que vem acontecendo no futebol inglês. Com dinheiro entrando por todos os lados e vindo de fontes quase sempre suspeitas, muita gente tem se decepcionado com os rumos tomados pela bola nos bem cuidados gramados britânicos. Apesar do sucesso da e dos estádios lotados, há uma considerável debandada de torcedores desiludidos com o excesso de mercantilismo – o que é magnificamente abordado por Marcos Alvito na matéria “O esporte que vendeu a sua alma”, publicada na edição 15 da piauí e disponível aqui. Mas vamos devagar, porque antes disso é preciso admitir: não dá para elevar à condição de candidato ao título quem já convocou Peter Crouch para uma Copa do Mundo.

Existem divergências quanto ao povo que inventou o futebol, e fala-se até de guerreiros medievais que se divertiam chutando cabeças de adversários derrotados. Custo a crer. Chutar cabeças deve doer à beça, e não faz sentido ganhar uma batalha sangrenta e, na sequência, quebrar o pé por causa de uma trivela num crânio morto. Fiquemos, então, com os ingleses. A questão é que, depois de inventar o jogo, parece que eles não gostaram muito do próprio invento e trataram de criar outro, feito exclusivamente de bolas levantadas na área – o que explica o Peter Crouch.

Mais do que pela condição de inventores, os ingleses costumam dar carteiradas por sua conquista na Copa de 66. Mas é sempre bom olhar com desconfiança para seleções que só conseguiram ser campeãs jogando em casa – como a Inglaterra e a França. E o caso dos ingleses é ainda pior: excluindo-se a vitória caseira, chegaram à semifinal uma única vez, na Copa de 90, quando terminaram em quarto lugar.

A reúne craques vindos de todos os cantos do planeta, menos da Inglaterra. A não ser que alguém considere o Rooney um craque. Consequência disso é que eles têm quatro ou cinco clubes com times muito fortes, mas uma seleção sempre abaixo do nível do próprio campeonato.

Claro que há bons jogadores nascidos na ilha, mas bem menos do que seria razoável supor pela força da liga ou pela conta bancária dos clubes mais importantes. E a renovação é lenta: pra que ter o trabalho de revelar e formar, se é muito mais fácil comprar pronto? Bom exemplo disso é que, com prováveis seis nomes, os times ingleses devem ser os maiores fornecedores de convocados para a seleção brasileira.

O meio-campista Wilshere, do Arsenal, é habilidoso e inteligente. O treinador Roy Hodgson e os torcedores ingleses esperam muito dos jovens atacantes Welbeck, do Manchester United, e Sturridge, do Liverpool. São bons. Mas há um cansado ar de déjà vu numa escalação que insiste com Gerrard, Lampard, Ashley Cole e Defoe.

A Inglaterra pegou um grupo embaçado, com Uruguai e Itália, e não haverá surpresa se a classificação for definida pela diferença de gols obtida pelas três seleções nos jogos contra a Costa Rica. Por outro lado, superar o adversário das oitavas de final – Colômbia, Grécia, Japão ou Costa do Marfim – será bem menos complicado.

Vou chutar: que nem seus eternos rivais do outro lado do túnel, os ingleses param nas quartas de final. Mas não se pode desconsiderar a hipótese de, já na fase de grupos, sucumbirem ao exército de bichos peçonhentos que toma conta de Manaus, conforme publicou o Daily Mail e nos mostra Felipe Marra.

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