23mar2010 | 20h44 | Brasil

Ministério do Trabalho comemora o fato de o Brasil já ter mais estilistas e cineastas do que médicos e engenheiros

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BRASÍLIA – “Uma câmera na mão e um turbante fúcsia na cabeça” — este será o mote da nova campanha a ser lançada pelo Ministério da Educação para convencer mais jovens a entrar para faculdades de cinema e moda. O Brasil já é um dos países com o maior número de cineastas e estilistas per capita, mas o governo sustenta que ainda não é possível afirmar que estamos diante de um fenômeno consolidado. “Não é possível esmorecer”, declarou o secretário-geral do Ministério da Educação, Jerônimo Carvalhosa. “No ano passado, pela primeira vez, o número de pessoas que mexem com vídeo ultrapassou o número de médicos do país e existem dados ainda não confirmados de que já temos mais fashionistas do que engenheiros”, prosseguiu Carvalhosa, “mas nada garante que, amanhã, por falta de políticas públicas, o jovem com vocação para filmes experimentais não acabe numa faculdade de física ou biologia.” Para mostrar que o país “está no bom caminho”, Carvalhosa mostrou uma planilha de Excel com dados colhidos nos últimos doze números da Revista de Domingo de O Globo. Segundo o secretário-geral, a seção que aborda jovens nas ruas da Zona Sul é uma prova eloqüente do crescente protagonismo do país nas áreas do audiovisual e da moda. “Fizemos um levantamento detalhado, e de 68 jovens que apareceram naquelas páginas, dois estudavam medicina, três estavam na faculdade de engenharia, outros três faziam biologia, sete cursavam direito, quinze faziam administração e todos os outros se dividiam entre produtores de moda, estilistas, figurinistas, cineastas, editores de imagem, webdesigners, diretores de fotografia, dramaturg e atores e atrizes”, explicou Carvalhosa. “Graças a Deus não apareceu ninguém que estuda matemática, física ou química”, acrescentou. Carvalhosa acredita que em menos de vinte anos o Brasil terá uma população doente mas muito bem vestida. “Além disso, é provável que os aviões não decolem, mas o tumulto nos aeroportos renderá grandes documentários”, concluiu.