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Juninho Pernambucano: despedida sem sucessores

Sempre gostei do Juninho Pernambucano. Campeão brasileiro pelo Vasco em 1997 e em 2000, e da Libertadores em 1998, poderia perfeitamente ter integrado a seleção brasileira de 2002 – tenho minhas dúvidas se ele não teria sido, por exemplo, melhor do que o Kléberson – e foi engolido pelo tsunami que varreu nossa seleção em 2006. Meia-direita inteligente e combativo, raçudo e dedicado, creio ser justo colocá-lo na lista dos dez maiores ídolos da história do Vasco.

| 04 fev 2014_19h41
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O Campeonato Brasileiro do ano 2000, codinome Copa João Havelange, foi decidido entre Vasco e São Caetano. O primeiro jogo, disputado em São Paulo, terminou um a um. O segundo, em São Januário, durou menos de vinte e cinco minutos, porque parte do alambrado do velho estádio desabou e a partida teve que ser interrompida.

Logo após o acidente, numa entrevista aos repórteres de campo que queriam saber sobre as chances da partida prosseguir, Eurico Miranda repetiu várias vezes: Poucos minutos depois, no entanto, algo aconteceu – muito provavelmente, a informação de que havia a possibilidade jurídica do Vasco perder os pontos, o que daria o título ao São Caetano –, e Eurico passou a orientar a retirada dos feridos na marra e forçar a continuação do jogo a qualquer custo.

Eurico chegou a chamar o então governador Anthony Garotinho de frouxo – Garotinho ligara para o secretário de Defesa Civil, exigindo a suspensão da partida –, o juiz Oscar Roberto Godói bem que tentou recomeçar o jogo, mas não houve jeito do São Caetano voltar a campo. Os jogadores vascaínos passaram, então, a se abraçar e a comemorar o título, e foi divulgada a notícia de que o time do Vasco iria festejar numa churrascaria da Barra da Tijuca. (Não me perguntem por que, mas jogador de clube carioca só comemora título em churrascaria da Barra da Tijuca.) Um dos repórteres que entrevistara Eurico chegou perto de Juninho Pernambucano e perguntou se ele iria participar das comemorações. Seco, ético, sério e sem querer muita conversa fiada, Juninho respondeu: “Eu vou pra minha casa.”

Sempre gostei do Juninho Pernambucano. Campeão brasileiro pelo Vasco em 1997 e em 2000, e da Libertadores em 1998, poderia perfeitamente ter integrado a seleção brasileira de 2002 – tenho minhas dúvidas se ele não teria sido, por exemplo, melhor do que o Kléberson – e foi engolido pelo tsunami que varreu nossa seleção em 2006. Meia-direita inteligente e combativo, raçudo e habilidoso, creio ser justo colocá-lo na lista dos dez maiores ídolos da história do Vasco. Além disso, acho bacanas gestos como o de Juninho com o Vasco, Alex com o Coritiba e Verón com o Estudiantes, todos retornando aos clubes que os revelaram ou projetaram, para uma espécie de agradecimento final.

A correria nem sempre produtiva e a preparação física levada ao extremo, características do futebol moderno, não permitem que esses caras façam mais do que uma temporada em bom nível, mas quem perdeu tempo assistindo a Vasco e Botafogo, domingo passado, com dois minutos de jogo já pôde perceber a falta que nossos times sentem de organizadores feito Juninho ou Seedorf. Ninguém poderia esperar rendimento semelhante ao que eles tinham há cinco ou seis anos, mas é inegável que, mesmo perto da aposentadoria e com os músculos no limite, ter Juninho, Seedorf e Deco em nossos campos, em seus últimos meses de carreira, foi uma bênção.

A única esperança de ver algo parecido no futebol brasileiro repousa no cada vez mais improvável retorno do Ganso ao nível do primeiro semestre de 2010. Alguém ainda acredita?

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