Durante a pandemia, aumentou o número de brasileiros que não estavam matriculados na escola. As crianças de 5 a 9 anos apresentaram o maior crescimento na taxa de evasão escolar, passando de 1,4% para 5,5% entre os últimos trimestres de 2019 e 2020. É o pior patamar para esse grupo desde 2006. Por outro lado, a evasão escolar diminuiu entre alunos de 15 a 19 anos, indo de 29% no último trimestre de 2019 para 22% no mesmo período de 2020. Esse movimento se deve ao desaquecimento do mercado de trabalho durante a pandemia, além da prática de aprovação e presença automáticas nas escolas. A falta de oferta de atividades afetou 12% dos alunos do Ensino Fundamental – e apenas 3% receberam as tarefas, mas não as realizaram. O tempo médio de estudos dos alunos dessa faixa etária pertencentes ao Bolsa Família caiu pela metade em 2020, na comparação com 2006. Também há desigualdades regionais em relação ao tempo diário dedicado aos estudos. Durante a pandemia, adolescentes do Distrito Federal estudaram o dobro do tempo que os do Acre. As informações são de uma pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV), que analisou os dados do IBGE. O =igualdades dessa semana destrincha os dados da evasão escolar no Brasil.
A taxa de evasão escolar entre as crianças de 5 a 9 anos subiu de 1,4%, no último trimestre de 2019, para 5,5% no mesmo período em 2020. Essa foi a faixa etária que apresentou o maior crescimento de alunos que deixaram de estudar durante o ensino remoto. Em 2021, o cenário melhorou, mas ainda continua acima da realidade pré-pandemia.
A maioria dos alunos de 6 a 15 anos recebeu e realizou atividades escolares durante o ensino remoto. Entretanto, 12% não receberam conteúdos nesse período e 3% receberam, mas não o fizeram.
Enquanto 3,7% dos adolescentes da rede privada não tiveram acesso a materiais didáticos durante a quarentena, nas escolas públicas a falta de oferta afetou 17% dos jovens alunos. Além de afetar o tempo dedicado aos estudos, a ausência de conteúdos também pode ter influenciado a saída precoce da escola.
O IBGE calculou o tempo médio diário de estudos em apenas dois anos, 2006 e 2020. Caiu pela metade o tempo dedicado aos estudos de estudantes beneficiários do Bolsa Família entre 6 e 15 anos, passando de 4h1min para 2h1min.
Entre as unidades da federação, há um desequilíbrio no tempo dedicado pelos adolescentes aos estudos. Em 2020, os alunos de 15 a 17 anos do Acre gastaram, em média, 1h24min com a aprendizagem. Já no Distrito Federal, foram investidas 3 horas diárias para os conteúdos didáticos.
Na contramão das crianças de 5 a 9 anos, os adolescentes de 15 a 19 tiveram uma diminuição da taxa de evasão escolar durante a pandemia. Foi de 29% para 22% nos últimos trimestres de 2019 e 2020. Esse foi o menor percentual registrado na série histórica. Esse movimento aconteceu devido ao desaquecimento do mercado de trabalho, além da prática de presença e aprovação automática de alunos, como explica o economista Marcelo Neri, que coordenou o estudo. Em 2021, voltou a crescer e chegou a 24% no penúltimo trimestre do ano.
A pandemia aumentou a distância entre as crianças e a fluidez na leitura. Em 2019, 2 a cada 4 alunos do 2º ano do Ensino Fundamental não eram capazes de ler corretamente. Durante a pandemia, novos estudantes se juntaram ao grupo. Em 2021, 3 em 4 crianças estavam na fase pré-leitura, considerada inadequada para o nível de ensino.
Fontes: Pesquisa “Retorno para escola, jornada e pandemia” da Fundação Getulio Vargas; Unicef; Fundação Lemann
Repórter da piauí
Repórter da piauí
É designer e diretora do estúdio BuonoDisegno