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questões políticas

Marcos Lisboa: “Me comparar a Paulo Guedes é demais”

Cotado como ministro da Fazenda em um governo do PT, economista responde a Ciro Gomes, que o chamou de “ultrarreacionário”

Malu Gaspar | 19 set 2018_15h26
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A guinada para o centro operada por Fernando Haddad desde que o candidato se consolidou como o segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto já está produzindo estresse no debate eleitoral. Nos últimos dias, o presidente do Insper, Marcos Lisboa, vem sendo lembrado no PT e entre empresários como o de um ministro da Fazenda moderado, que representaria uma aliança mais ao centro para Haddad. Os petistas têm dito que procuram nomes moderados para um eventual ministério de Haddad na tentativa de aglutinar as forças políticas que poderiam ajudar a derrotar Jair Bolsonaro, do PSL, no segundo turno.

De olho nos eleitores que podem encarar a guinada do petista como oportunismo, Ciro Gomes, do PDT, cobrou do ex-prefeito de São Paulo uma definição sobre o assunto. “Tu que está aí desempregado, votando no Bolsonaro com revolta: essa gente é o mesmo jeito. O Paulo Guedes [já apontado por Bolsonaro como seu ministro da Fazenda em caso de vitória] vem de banco, ele está aí para proteger esse sistema perverso do Brasil. E o Haddad até agora não desmentiu que vá nomear o Marcos Lisboa, que é outro homem de banco, ultrarreacionário igual ao Paulo Guedes”, disse, em entrevista à rádio CBN. Ao saber do comentário do candidato, Lisboa disse à piauí: “Homem de banco, tudo bem. Mas me chamar de ultrarreacionário e comparar ao Paulo Guedes é demais! No Nordeste, seria como chamar a mãe de leviana! No Rio de Janeiro, seria como dizer que o papel da mulher da vida de um político é dormir com o marido.”   

 

Lisboa, que foi diretor executivo e vice-presidente do Itaú Unibanco entre 2006 e 2013, também presidiu o Instituto de Resseguros do Brasil e ocupou a secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Desde 2015, ele dirige o Insper, que em maio do ano passado contratou Fernando Haddad como professor. Na ocasião, houve muita discussão entre os alunos, que contestavam a escolha de um político citado nas delações das construtoras Odebrecht e UTC para dar aulas na instituição. Lisboa defendeu Haddad, argumentando que não havia nenhuma denúncia formal contra o ex-prefeito paulistano. No final de agosto, o Ministério Público paulista entrou com uma ação contra Haddad no caso da UTC, alegando improbidade administrativa.

Nos últimos anos, o diretor do Insper tem sido um notório defensor de políticas que reduzam a intervenção do Estado sobre a economia e das reformas do Estado, fiscal e previdenciária. Agora cogitado para o ministério, ele tem procurado se manter em silêncio diante de perguntas sobre o assunto.

Não é a primeira vez que o nome de Lisboa é lembrado para voltar ao governo. Recentemente, o presidente do Insper se envolveu em uma discussão com Paulo Guedes acerca de uma eventual participação no programa de governo de Bolsonaro, conforme contei no perfil do economista do candidato do PSL publicado na edição deste mês da piauí. Em junho, Guedes afirmou ao Estadão que convidaria economistas liberais para discutir propostas, e listou o nome de Lisboa como um dos convidados. Lisboa reagiu e disse que não falaria com Guedes. “Eu converso com todo mundo, desde que a pessoa não ache que a Venezuela é uma democracia ou defenda fechar museu porque lá dentro tem peladão”, afirmou Lisboa em tom de troça. Guedes se irritou e respondeu por mensagens de celular. “O Lisboa trabalhou para o Lula, que defendeu a ditadura do Chávez e do Fidel. E trabalha para o Claudio Haddad, que colaborou diretamente no Banco Central da ditadura”, disse. Apesar das polêmicas, Lisboa garante que não tem a menor intenção de voltar para o governo. “Gosto muito do meu emprego.”

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