Na Pequena África, vista do Mirante do Valongo: na frente, um bar na Rua Camerino; ao fundo, o Morro da Providência, considerada a primeira favela do estado do Rio de Janeiro
As pequenas Áfricas
Um ensaio fotográfico na zona portuária do Rio de Janeiro
Tércio Teixeira | Edição 192, Setembro 2022
Não existe apenas uma Pequena África. Minha experiência e minhas pesquisas em fotografia e história me levaram a concluir que há várias pequenas Áfricas no Rio de Janeiro. Elas estão em toda parte na cidade – do Complexo do Alemão, na Zona Norte, ao Morro do Cantagalo, em Copacabana, na Zona Sul.
Fotografar essas Áfricas espalhadas pelos bairros cariocas faz parte do meu trabalho desde o início. Não poderia ser diferente, pois é um tema ligado à minha história e ancestralidade: sou filho de uma mulher negra e neto de um negro que veio da Bahia, como tantos que se estabeleceram desde o fim do século XIX nas regiões da Gamboa, Saúde, Santo Cristo e Pedra do Sal.
Neste meu portfólio para a piauí, focado na Pequena África próxima do porto, procurei registrar a resistência de pessoas remanescentes de comunidades e quilombos da região. Essa força se manifesta nos meninos que se divertem nas águas da Baía de Guanabara, na cultura do toque do berimbau do mestre de capoeira Célio Augusto Braga, no encontro dos Filhos de Gandhi na Praça dos Estivadores, na zona portuária, e nos catadores de rua que buscam objetos recicláveis.
Como se sabe, o Brasil é um país fortemente marcado pela desigualdade social e racial. No cotidiano, nos livros e no meu trabalho de fotojornalista tenho aprendido que, aqui, o presente está muito próximo de um passado do qual não conseguimos nos desvencilhar.
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