O tédio representa o tempo em seu estado puro, sem diluição, em todo o seu esplendor repetitivo, redundante, monótono. E nos ensina a lição mais valiosa da vida: nossa absoluta irrelevância FOTO: POPPERFOTO_GETTYIMAGES
Elogio ao tédio
Um hino à falta de sentido das coisas
Joseph Brodsky | Edição 124, Janeiro 2017
Mas caso não consigas
manter teu reino,
E, como teu pai antes de ti, vieres
Aonde o pensamento acusa
e o sentimento zomba,
Crê em tua dor…
H. Auden, “Alonso to Ferdinand”
Boa parte do futuro que vocês têm pela frente será tomada pelo tédio.[1] Falo isso hoje, nesta ocasião solene, porque penso que nenhuma faculdade de artes e humanidades prepara as pessoas para essa experiência. Dartmouth não foge à regra. Nem as humanidades nem as ciências oferecem disciplinas sobre o tédio – quando muito, os cursos, entediantes que são, podem nos familiarizar com a sensação. Mas o que é um contato fortuito comparado a um mal-estar incurável? Nem o falatório insuportavelmente chato de um conferencista ou a linguagem empolada e monótona dos livros didáticos chega perto do deserto psicológico que, partindo do quarto de vocês, desdenha do futuro.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
ASSINELeia Mais