vultos da república
Fala grossa e salto fino
As façanhas de Joice Hasselmann, do rádio ao Congresso
Thais Bilenky
“Oi, pessoal, tudo bem? Eu aqui, Joice Hasselmann, deputada federal pelo Brasil.” Em meio à balbúrdia que havia tomado o plenário da Câmara na noite de 10 de julho, mal se escutava o que ela dizia. Com 2,6 milhões de seguidores no Facebook, a parlamentar transmitia ao vivo pela rede social a sessão que aprovaria em primeiro turno, depois de nove horas de discussão, a reforma da Previdência. “A esquerda pira” – ela dizia, enquanto filmava a galeria no mezanino, onde se aglomeravam “alguns sindicalistas, o pessoal da CUT [Central Única dos Trabalhadores] e o escambau.” “Aqui os líderes de centro”, prosseguiu, apontando para a Mesa Diretora, “e Rodrigo Maia, que é o grande avalista da reforma na Câmara dos Deputados.” Virou a câmera para o modo selfie e reapareceu na tela com o seu bordão nas redes: “Já sabe aí, gente. Vai curtindo, vai compartilhando, vai curtindo, vai compartilhando.”
A jornalista e deputada pelo PSL de São Paulo tinha retocado o visual. A sombra rosada e os cílios postiços pretos realçavam os olhos azuis. O cabelo dourado era escuro na raiz e alisado até a altura do ombro, onde formava uma suave curva côncava. Hasselmann, 41 anos, ajeitou os fios atrás da orelha.

Thais Bilenky
Repórter na piauí. Na Folha de S.Paulo, foi correspondente em Nova York e repórter de política em São Paulo e Brasília