Isso não é um chouriço: Após duas semanas no Telegram, percebo que não temos as ferramentas cognitivas e emocionais para lidar com o lamaçal em que nos metemos nas redes sociais CRÉDITO: CAIO BORGES_2022
“Híbridos zumbificados interagem com o 5G”
Uma imersão de duas semanas em grupos de direita do Telegram
Vanessa Barbara | Edição 192, Setembro 2022
No dia 31 de julho, o físico francês Étienne Klein publicou no Twitter a foto de um chouriço sobre um fundo preto. De início, ele disse que se tratava da imagem da estrela Proxima Centauri tirada pelo telescópio James Webb, mas pouco depois comentou debochadamente no próprio post que “os vieses cognitivos fazem a festa na hora do aperitivo. Tomem cuidado, portanto, com eles. De acordo com a cosmologia contemporânea, não há nenhum objeto da charcutaria espanhola fora da Terra.”
Horas mais tarde, já que a imagem ainda estava sendo compartilhada como se fosse verdadeira, ele teve que se explicar melhor: era uma brincadeira. Ele queria que as pessoas aprendessem a desconfiar dos argumentos de autoridade e da “eloquência espontânea de certas imagens”. Para a revista Le Point, Klein disse que, em certas redes sociais, as fake news sempre fazem mais sucesso do que as informações verdadeiras. Ele acha que, se não tivesse associado a imagem do chouriço ao telescópio James Webb, ela não teria viralizado tanto.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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