Em segundo plano: o SUS cresceu em ambiente pouco acolhedor. A sociedade brasileira nunca abraçou o sistema – ao contrário do que ocorreu com o NHS, que tem o apoio maciço dos ingleses CRÉDITO: VÂNIA MIGNONE_2024
O complexo: parte II_o dinheiro, sempre
A segunda reportagem da série aborda as agruras, os rigores e as ganâncias para bancar o maior sistema de saúde do mundo
Fabiane Leite | Edição 218, Novembro 2024
Em uma tarde de Brasília no início de maio, a equipe do Consultório na Rua se preparava para iniciar o atendimento de pessoas que vivem nas ruas da Asa Norte. Faltava, porém, um veículo que levasse o médico, a enfermeira e uma médica residente até os locais. Sem maiores explicações, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal havia retirado uma velha ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O médico de família Rodrigo Lima decidiu então recorrer ao próprio carro, um Hyundai HB20, ano 2019.
A primeira parada de Lima e sua equipe foi debaixo da Ponte do Bragueto, que passa sobre o Lago Paranoá. É um local cercado de mato e lixo onde se concentram usuários de crack e catadores de material reciclável, todos vivendo em casebres de madeirite. O médico foi recebido como um velho conhecido. Quem já era seu paciente, chamava-o de Rodrigo, sem o “doutor”. Ao lado dele, a residente de medicina de família Juliany Lourenço observava tudo com atenção. Era seu primeiro dia de estágio na Unidade Básica de Saúde (UBS) nº 13, onde funciona o Consultório na Rua.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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