Youssef, com o grampo, na carceragem da PF, em 2014: o agente que expôs a fraude temia que quebrassem sua casa, explodissem seu carro ou fizessem “alguma merda” com a sua família CRÉDITO: LUIS GUSTAVO FLORES_2014
Escuta na cela 5, a ilegalidade inaugural da Lava Jato
A história da instalação de um grampo clandestino – e o empenho da PF em esconder tudo
Felippe Aníbal | Edição 204, Setembro 2023
O agente policial federal Dalmey Fernando Werlang tomava café com a tevê ligada, na manhã de 17 de março de 2014, no sobrado em que morava, no bairro Santa Cândida, em Curitiba. Atento ao noticiário, ficou espantado com o que assistia: uma operação de enorme dimensão deflagrada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. A força-tarefa, dizia o telejornal, havia prendido várias pessoas, entre as quais quatro doleiros. Um deles era um velho conhecido das autoridades do Paraná: Alberto Youssef, que, anos antes, ganhara certa notoriedade ao firmar o primeiro acordo de delação premiada do Brasil, no âmbito do escândalo do Banestado. Impressionado com o tamanho da mobilização, Werlang exclamou para si mesmo: “Pô, puta operação!”
Quando chegou ao trabalho, na Superintendência Regional da PF no Paraná, também no bairro Santa Cândida, Werlang encontrou colegas empolgados com a magnitude da operação, que, até o final do dia, cumpriu 28 mandados de prisão, fez 19 conduções coercitivas e 81 operações de busca e apreensão. Era a primeira fase de uma investigação que atrairia todos os holofotes e convulsionaria a política nacional: a Operação Lava Jato, cujo nome brincava com o fato de que o posto de combustíveis, o ponto inicial das investigações, era usado para lavar dinheiro.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
ASSINELeia Mais