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    ILUSTRAÇÃO: REINALDO_2007

tipos brasileiros

O locutor esportivo

Como qualquer bom economista, o narrador também diz o óbvio de maneira prolixa, pomposa e, às vezes, incompreensível.

Sérgio Arapuã de Andrade | Edição 11, Agosto 2007

A+ A- A

As origens da narração esportiva são tão misteriosas quanto a fortuna de certos senadores. Alguns pesquisadores defendem que já havia narração esportiva na corrida de bigas de Ben-Hur. Outros garantem que afrescos em Siracusa indicam ter um narrador esportivo acompanhado, a cavalo, a corrida do tresloucado mensageiro das Termópilas. O assunto é controverso, como gostam de repetir autoridades públicas envolvidas com assuntos igualmente delicados.

Mais je divague – como o senador Eduardo Suplicy.

Novamente, cortando estradão: o melhor narrador esportivo da Antigüidade, sem dúvida, foi Homero, sabendo-se que Joyce copiou todos os seus bordões, embora em outro timing, ao descrever a famosa maratona das 24 horas de Dublin. Já Joseph Conrad, narrando a grande regata pelo rio Congo, nunca passou de um maneirista invocado.

 

A afirmação de que um narrador esportivo teria acompanhado a vitoriosa Marcha de Moisés pelo deserto peca pelo exagero e pela falta de provas. Apesar disso, há quem assevere que a frase “abrem-se as cortinas e começa o espetáculo!” seja plágio de um suposto narrador bíblico que teria anunciado:

– Abre-se o Mar Vermelho e começa a travessia!

O narrador esportivo, antes de tudo, é um globe-trotter (o trote, afinal, é a sua melhor andadura): apesar de conhecer bem cada país, dá-se ao luxo de identificá-lo por detalhes existenciais, num refinado palimpsesto, bem à maneira de Garrincha:

 

– Milão, Milão… Ah, já sei, é aquela cidade em que bati a cabeça no túnel na entrada do campo, né?

Para o narrador, Milão não é o Duomo, ou a fábrica de aviões de guerra dos roaring twenties, ou a Galeria, mas o lugar onde Garrincha bateu a cabeça.

Geógrafos talvez se ressintam um pouco. Mas o narrador esportivo está acima de questiúnculas.

 

Além disso – outra de suas qualidades – o narrador é sempre sincero. Se você perguntar:

– Sabe de uma coisa?

Ele responderá firme:

– Uma só? Sei.

O narrador trabalha com outras ciências que nós, os telespectadores, não alcançamos. Em jogos da Seleção, por exemplo, podemos aprender novas modalidades de geometria:

– Sensacional! Dida defendeu a bomba de Beckham bem embaixo do ângulo central da trave!

Ou, quando é mais didático, sempre podemos testemunhar seus esclarecimentos ao repórter de campo, com sua habitual obsessão pela informação exata:

– Alô, Talião.

– Fala, Gino.

– Neste momento, a Banda dos Fuzileiros Navais ataca uma marchinha aqui no gramado.

– Alô, Gino.

– Fala, Talião.

– Essa marchinha não é o Hino Nacional?

Certamente por outro vício de formação, sempre julgamos que, quando se trata de adjetivos, a grande precisão sempre foi a de corte especificamente machadiano. Tolice. Num jogo em Araraquara, cujo time ostentava um ponta-esquerda veloz, driblador, o adjetivo foi um dos melhores momentos da narração:

– Quase gol, mas Rogério Ceni defendeu o chute do veloz e insípido ponta adversário.

Como o coito anal, a narração esportiva às vezes dói.

No Brasil, o narrador dos dias de hoje continua convencido de que o grande espetáculo não é o jogo, mas a sua voz e o que ele tem a dizer. Certamente por isso, como qualquer bom economista, o narrador também diz o óbvio de maneira prolixa, pomposa e, às vezes, incompreensível. Mas sua obscuridade, como a de alguns pré-socráticos, não resiste a uma hermenêutica mais paciente. É um exercício essencial. Eis dez exemplos.

1. Quando o narrador diz que fulano tranqüiliza a defesa – é porque fulano, lá do meio do campo, resolveu atrasar a bola para o goleiro.

2. Quando o narrador garante que o time precisa tocar mais a bola – é porque o narrador não sabe absolutamente do que o time precisa.

3. Se ele comenta que é necessário paciência para abrir essa defesa – é porque o time troca passes laterais entre os zagueiros, perto da nossa área, faz tempo. E o narrador já perdeu a paciência.

4. Quando ele esclarece que alguém é importante no esquema tático do time, embora não apareça para o público – é porque alguém muito famoso não está jogando nada.

5. Quando ele admite que, neste início de jogo, a seleção está visivelmente tensa e nervosa – é porque ele está visivelmente tenso e nervoso.

6. Quando diz que a bola não entrou por pouco, muito pouco, pouco mesmo – quer dizer que a bola passou a pelo menos cinco metros da trave.

7. Se a seleção está jogando, por exemplo, contra o Uruguai, quando se ouve que o brasileiro entrou firme na jogada, embora sem má intenção – é sinal de que a cabeça do uruguaio já está no colo de uma graciosa torcedora das numeradas.

8. Quando o narrador solicita, como quem não quer nada, vamos lá, Paulo Roberto, me passe a lista dos jogadores que podem entrar, caso Dunga queira fazer uma substituição – é porque ele está querendo substituir os onze que estão em campo.

9. Em certos momentos, ele sempre volta a comentar algo como o volante adversário vai cobrar a falta e levantar a bola na área do Brasil, tanto que todos os nossos zagueiros, como pode ver o telespectador, estão numa marcação homem-a-homem, coisa que o Dunga treinou dezenas de vezes, justamente para impedir o gol de cabeça do time deles. É sempre uma garantia. Gol de cabeça do time deles.

10. E, em alguns finais dignos de total esquecimento, é comum ouvir o narrador afirmar que estamos nos descontos, mas temos ainda um minuto e meio de jogo e é claro que o Brasil pode mudar esse placar desfavorável de um a zero, arrancando pelo menos o empate em um a um… Pode ser, como não? Já aconteceu várias vezes, vamos lá, bola pra frente, vamos buscar na garra, na força, na vontade, esse empate de um a um. Um a zero para eles.

O narrador esportivo é muito engraçado.

Sérgio Arapuã de Andrade

Sérgio Arapuã de Andrade é o autor de Ora, Bolas! (Francisco Alves) e O Futebol dos Imbecis e os Imbecis do Futebol (Conex).

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