Telefonei para o Lula, para mandar um abraço, rapidamente. De resto foi só verificar o endeusamento do Lula. Curioso, não sei se fizeram uma entronização tão sacra assim quando fui eleito, menos ainda quando fui reeleito. Da eleição à posse corre um longo tempo, vamos ver o que acontece até lá CREDITO: JAMIL BITTAR_REUTERS
Uma certa civilidade
A vitória de Lula e os primeiros dias da transição do poder
Fernando Henrique Cardoso | Edição 157, Outubro 2019
No quarto volume de seus Diários da Presidência, a ser lançado pela Companhia das Letras neste mês, Fernando Henrique Cardoso registra os dois últimos anos em que esteve à frente do poder, descrevendo o seu cotidiano de 2 de janeiro de 2001 até 31 de dezembro de 2002. O trecho a seguir, que a piauí publica em primeira mão, abrange o período final do mandato. Na antevéspera do segundo turno da eleição presidencial, FHC assistiu pela tevê, com amigos, ao debate realizado pela Globo entre Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, e José Serra, do PSDB. Já sabia, então, que o candidato de seu partido sairia derrotado dali a dois dias. Apesar de se referir a Lula, mais de uma vez, como um demagogo, FHC não se mostra contrariado com o resultado das urnas. Pelo contrário, não esconde a satisfação de participar de um momento histórico. A certa altura, ele resume: “Essa transição e talvez esse sentimento de que realmente fizemos bastante coisa, sobretudo para manter um clima de civilidade, está tendo uma repercussão muito grande mundo afora. ‘Mundo afora’ é modo de dizer; pelas elites dirigentes e por certos setores do mundo.”
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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