Por trás do Retrato: Trilha sonora
Saiba mais sobre a composição da trilha da primeira temporada da série documental em podcast Retrato Narrado
Os primeiros esboços da trilha do Retrato Narrado foram compostos em novembro de 2019, a partir de discussões iniciais sobre o projeto, as primeiras ideias da Carol e conversas com a Flora Thomson-DeVeaux e a Paula Scarpin. O trabalho foi concluído entre fevereiro e maio de 2020 quando houve, então, uma troca mais intensa também com a Jordana Berg, montadora da série.
As primeiras conversas tiveram a intenção de descobrir e delimitar os possíveis afetos musicais sugeridos pela figura do perfilado, lato sensu. Quando falo em perfil e personagem, costumo pensar num continuum. Neste caso, a música não trataria apenas de Jair Bolsonaro, mas do bolsonarismo, da ascensão da direita que ele representa e das perguntas que a Carol Pires lançava sobre os elementos e fenômenos que levaram à eleição do ex-capitão.
Alguns teóricos que pensam a produção de sentido em música costumam dizer que uma peça musical é habitada por universos culturais. De antemão, sabíamos que um possível universo cultural a habitar o que viria a ser composto dialogava com a música sertaneja dos anos 1960 e 1970. O sertanejo das duplas como Tonico e Tinoco, anterior à primeira assimilação dessa expressão pela indústria do disco, nos anos 1980 e 1990 e bem diferente do atual “sertanejo universitário”.
A busca por esse sertanejo orientou as primeiras decisões de instrumentação. Foram utilizados instrumentos de cordas de aço convencionais, como o violão ou o cavaquinho, mas, a partir de scordatura, técnica que consiste na busca por afinações alternativas ao padrão para as cordas dos instrumentos, foi possível emular os timbres das violas caipiras e banjo.
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