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Respeita o moço

A seleção da Rússia causou uma das maiores surpresas de todas as Copas. Foi nos Estados Unidos, em 1994, e justo na estreia contra o Brasil. Quando os russos entraram em campo com uma camisa azul da cor do mar, caiu o queixo brasileiro. Era a primeira Copa do Mundo após o fim da União Soviética, e a associação ainda era imediata: falou Rússia, lembrou vermelho. 

| 06 jun 2014_15h17
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A seleção da Rússia causou uma das maiores surpresas de todas as Copas. Foi nos Estados Unidos, em 1994, e justo na estreia contra o Brasil. Quando os russos entraram em campo com uma camisa azul da cor do mar, caiu o queixo brasileiro. Era a primeira Copa do Mundo após o fim da União Soviética, e a associação ainda era imediata: falou Rússia, lembrou vermelho.

Os tempos eram outros. Hoje, nós, brasileiros, já nos acostumamos a ver o Corinthians de roxo, o Palmeiras de azul, o Fluminense de laranja, um horror. E depois que o Flamengo entrou em campo de azul e amarelo – uma das camisas mais feias já vestidas por um dos nossos grandes clubes –, nada mais nos espanta. Mas, vinte anos atrás, o azul da Rússia provocou um certo assombro.

Sem dar a mínima para a representação cromática de ideologias, o excelentíssimo senhor deputado federal Romário de Souza Farias acabou com o jogo, fez o primeiro gol, sofreu o pênalti no segundo e garantiu nossa vitória.

Fora a inesperada troca do vermelho pelo azul – algo que pode acabar em briga feia no Bumbódromo de Parintins –, a Rússia marcou época na história das Copas quando ainda fazia parte da URSS e só por causa de Lev Yashin, apelidado de Aranha Negra e considerado, durante quase dez anos, o melhor goleiro do mundo. Os outros dois jogadores que se tornaram mundialmente reconhecidos, o também goleiro Rinat Dasayev – que nada pôde fazer nos golaços de Sócrates e Éder, em 1982 – e o atacante Oleg Blokhin não eram russos. Blokhin nasceu na Ucrânia e Dasayev tinha origem tártara.

A Rússia não passou das oitavas em 94 e 2002, sequer se classificou para as Copas de 98, 2006 e 2010, e agora alimenta a mesma ilusão que tem tomado conta de outras seleções europeias: a de que uma boa campanha nas eliminatórias é sinal de futebol de qualidade. Nem sempre. Na chave que tinha Israel, Azerbaijão, Irlanda do Norte e Luxemburgo, a única dificuldade foi chegar à frente de Portugual. Ganhou em Moscou, perdeu em Lisboa, contou com alguns vacilos lusitanos e garantiu a vaga. Permanece uma incógnita.

A seu favor, um grupo em que dá para brigar: Bélgica, Argélia e Coreia do Sul, correndo o risco de, se passar, encarar nas oitavas a mesma seleção portuguesa das eliminatórias. Ou seja: com alguma sorte, dá para pensar em quartas de final.

Renovada e rápida, a Rússia é uma das seleções que pode chegar mais longe do que se imagina e é preciso ser respeitada. Mesmo porque eu não sou besta de não respeitar o presidente Putin. 

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