Uma bela mesa
Já revelamos anteriormente que a mesa da Cozinha Transcendental é monástica, silenciosa e de arrumacão espartana – para facilitar a concentração dos comensais, todos empenhados na avaliação dos pratos e receitas. É claro que ninguém precisa (e nem deve) repetir em casa o procedimento. Quando recebemos convidados o clima é completamente diferente, de pura festa. Nossa chefe de cerimonial, cuja inspiração mais frequente vem da cena do banquete de Il Gattopardo, de Luchino Visconti, supervisiona a arrumação da sala e da mesa para encanto dos convidados. A seguir, algumas recomendações dela para reproduzir a mágica na sua casa.
Já revelamos anteriormente que a mesa da Cozinha Transcendental é monástica, silenciosa e de arrumacão espartana – para facilitar a concentração dos comensais, todos empenhados na avaliação dos pratos e receitas. É claro que ninguém precisa (e nem deve) repetir em casa o procedimento. Quando recebemos convidados o clima é completamente diferente, de pura festa. Nossa chefe de cerimonial, cuja inspiração mais frequente vem da cena do banquete de Il Gattopardo, de Luchino Visconti, supervisiona a arrumação da sala e da mesa para encanto dos convidados. A seguir, algumas recomendações dela para reproduzir a mágica na sua casa.
Depois de enfrentar bravamente a batalha das panelas, de proteger-se com tampas-escudo contra as borbulhas da água fervente do macarrão e contra os respingos do molho, o chef leva para a mesa, com um discreto ar de contentamento, a travessa fumegante e perfumada contendo a massa recém-preparada. Ah, a mesa! A mesa é ponto de encontro da família, dos amigos, das pessoas que se amam. Portanto, nada mais natural do que prepará-la graciosamente para o rito de comer. Há os que consideram esses cuidados uma frescura. Creio que o adjetivo mais gentil e mais adequado seria delicadeza. Principalmente quando se tem convidados. Anthelme Brillat-Savarin, um grande gastrônomo francês do século XVIII, dizia que “convidar uma pessoa é ocupar-se de sua felicidade durante o tempo em que ela passa sob o vosso teto.” Uma mesa bem arrumada, faz parte desse cuidado. E não estamos falando aqui de toalhas de linho, talheres de prata, porcelana de Limoges e cristais de Sèvres. Uma mesa aconchegante, onde se celebra a alegria de viver, depende muito mais de pequenos detalhes do que de grandes luxos. É no detalhe que os seus convidados irão perceber o seu carinho e o prazer em recebê-los.
Comecemos pelos pratos. Para servir o elaborado macarrão à Carbonara que você aprendeu a preparar, use pratos fundos sobre pratos rasos. Eles podem ser simples, brancos, estampados ou até mesmo descasados. Não importa. Se forem descasados, dado que um foi herdado da avó, outro da mãe e outro da prima, melhor ainda. Arrume-os de forma intercalada, uma estampa diferente ao lado da outra. Fica bonito. Garfo, na esquerda, colher à direita, claro, não precisa dizer. Na falta de guardanapos de pano, não se desespere. Eles podem ser de papel, coloridos ou mesmo brancos. Mas ficarão muito mais simpáticos se amarrados com raminhos verdes e viçosos de cebolinha (como na imagem ao lado). Acomode-os ao lado dos garfos ou sobre os pratos. Velas sempre tornam o ambiente mais íntimo. Se não tiver castiçais, use copos mesmo. De preferência pequeninos. Se não achou por perto velas ornamentais, lance mão daquelas que acendemos para pedir alguma graça a Nossa Senhora. Branquinhas e singelas. Prenda-as com a própria cera, no fundo do copo. Complete-os com água até quase a borda e decore-os com pequenas flores. Servem margaridas, ou aquelas flores amarelas que se encontram em vasos de plástico na porta de qualquer supermercado. Peça licença à planta (ela entenderá que é uma por boa causa), corte alguns ramos e arrume-os no seu castiçal improvisado. O vaso com o resto das flores pode ser acomodado em uma tigela colorida ou de vidro transparente, e colocado no centro da mesa entre os castiçais. Por último, as taças para o vinho. Sim, porque você não vai deixar de saborear um bom vinho (a marca e o tipo ficam a critério de cada um) com o seu sublime espaguete à Carbonara. Além do que, vinhos sempre tornam as conversas mais inteligentes. Mas voltemos aos copos. Taças acima dos pratos, tendendo para o lado direito, acompanhadas de copos para água (os copos não precisam ser de pé e, assim como as taças, podem ser descasados – um de cada tipo fica ótimo). Finalmente, uma jarra de água gelada com uma casquinha de limão. Uma boa e suave música de fundo, muito afeto e boas risadas irão completar a atmosfera. Os convidados deixarão a sua casa levando uma mágica sensação de felicidade.
E como fundo musical recomendado para a montagem da mesa, outro tema de Nino Rota, responsável pela trilha sonora do Gattopardo:
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