Uma teia de abusos na moda
Modelos acusam agente e maquiador de assédio sexual
Em junho passado, D. C., que cuidava de books fotográficos de modelos na agência Mega, recebeu uma mensagem de WhatsApp de um rapaz de 20 anos. Ele reclamava que o agente de modelos Anderson Meyer havia pedido que fizesse fotos sensuais no estúdio da agência Mega, onde é proibido fotografar sem roupa. Contou que, na sessão, Meyer tinha “ficado de gracinha” e disse que outro colega havia passado pela mesma situação. D.C. ligou para esse outro colega.
Foi o início da descoberta de uma teia de abusos e assédios. “Esse novo modelo me contou coisas absurdas, como oferta de dinheiro pelo Anderson para fazer sexo oral e vantagens de trabalho se os dois virassem namorados.” D. C. acabou se tornando uma espécie de confidente da turma de modelos. Nas conversas, um caso foi levando a outro. D. C. falou com três jovens, que relataram histórias parecidas e complementares.
Em contato com um advogado, ele foi orientado a procurar o RH da Mega e informar sobre tudo. No dia 4 de julho, contou o que ouvira para outro booker da Mega, Danilo Sanchez, que também gerenciava a carreira de jovens modelos. Sanchez ficou possesso. “Eu me vi no lugar dos pais daqueles jovens e quis ir a fundo para saber mais do caso, depois de ler prints e escutar áudios”, ele conta a João Batista Jr. na edição deste mês da piauí.
Sanchez resolveu falar com dez ex-colegas de trabalho de Meyer, entre eles agentes, fotógrafos e produtores. Também ligou para vários modelos, perguntando se já tinham sofrido algum assédio da parte de Meyer. O resultado das conversas foi robusto: dezoito modelos aceitaram falar e autorizaram que a conversa fosse gravada. Um deles era menor de idade: estava com 17 anos quando aconteceram os fatos que relatou envolvendo Anderson Meyer. Hoje, o material está com o Ministério Público e a Polícia Civil, que investiga o assunto.
O conjunto de depoimentos também aponta outra pessoa por assédio sexual: o maquiador Marcos Costa, um dos profissionais de beleza mais bem-sucedidos do país. Seis modelos contaram que foram assediados pelo maquiador – alguns já prestaram depoimento na investigação da Polícia Civil. No dia 8 de outubro, a piauí fez contato com a Natura – para a qual ele trabalhava havia três décadas –, a fim de ouvir a empresa sobre o caso. No dia seguinte, a empresa suspendeu o contrato com Costa.
Aparentemente, existia uma operação conjunta entre o maquiador e o agente Anderson Meyer. Interrogado pela polícia, um dos modelos contou que, em 2019, quando trabalhava na agência Another, foi enviado por Meyer até o apartamento de Costa para fazer um teste de trabalho. Ao chegar no local, estranhou ter encontrado apenas o maquiador, mas nenhuma equipe de teste, geralmente integrada por produtor, fotógrafo e figurinista. O jovem foi então convidado a entrar em uma “sala de reunião”, que, na verdade, era um quarto de hóspedes. Estranhou ainda mais quando Costa ligou a tevê do quarto com um filme pornô.
Os dois foram entrevistados pela piauí e negaram que sejam assediadores.
Assinantes da revista podem ler a íntegra da reportagem neste link.
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