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Uma teia de abusos na moda

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Uma teia de abusos na moda

Modelos acusam agente e maquiador de assédio sexual

| 04 dez 2025_08h13
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Em junho passado, D. C., que cuidava de books fotográficos de modelos na agência Mega, recebeu uma mensagem de WhatsApp de um rapaz de 20 anos. Ele reclamava que o agente de modelos Anderson Meyer havia pedido que fizesse fotos sensuais no estúdio da agência Mega, onde é proibido fotografar sem roupa. Contou que, na sessão, Meyer tinha “ficado de gracinha” e disse que outro colega havia passado pela mesma situação. D.C. ligou para esse outro colega.

Foi o início da descoberta de uma teia de abusos e assédios. “Esse novo modelo me contou coisas absurdas, como oferta de dinheiro pelo Anderson para fazer sexo oral e vantagens de trabalho se os dois virassem namorados.” D. C. acabou se tornando uma espécie de confidente da turma de modelos. Nas conversas, um caso foi levando a outro. D. C. falou com três jovens, que relataram histórias parecidas e complementares.

Em contato com um advogado, ele foi orientado a procurar o RH da Mega e informar sobre tudo. No dia 4 de julho, contou o que ouvira para outro booker da Mega, Danilo Sanchez, que também gerenciava a carreira de jovens modelos. Sanchez ficou possesso. “Eu me vi no lugar dos pais daqueles jovens e quis ir a fundo para saber mais do caso, depois de ler prints e escutar áudios”, ele conta a João Batista Jr. na edição deste mês da piauí.

Sanchez resolveu falar com dez ex-colegas de trabalho de Meyer, entre eles agentes, fotógrafos e produtores. Também ligou para vários modelos, perguntando se já tinham sofrido algum assédio da parte de Meyer. O resultado das conversas foi robusto: dezoito modelos aceitaram falar e autorizaram que a conversa fosse gravada. Um deles era menor de idade: estava com 17 anos quando aconteceram os fatos que relatou envolvendo Anderson Meyer. Hoje, o material está com o Ministério Público e a Polícia Civil, que investiga o assunto.

O conjunto de depoimentos também aponta outra pessoa por assédio sexual: o maquiador Marcos Costa, um dos profissionais de beleza mais bem-sucedidos do país. Seis modelos contaram que foram assediados pelo maquiador – alguns já prestaram depoimento na investigação da Polícia Civil. No dia 8 de outubro, a piauí fez contato com a Natura – para a qual ele trabalhava havia três décadas –, a fim de ouvir a empresa sobre o caso. No dia seguinte, a empresa suspendeu o contrato com Costa.

Aparentemente, existia uma operação conjunta entre o maquiador e o agente Anderson Meyer. Interrogado pela polícia, um dos modelos contou que, em 2019, quando trabalhava na agência Another, foi enviado por Meyer até o apartamento de Costa para fazer um teste de trabalho. Ao chegar no local, estranhou ter encontrado apenas o maquiador, mas nenhuma equipe de teste, geralmente integrada por produtor, fotógrafo e figurinista. O jovem foi então convidado a entrar em uma “sala de reunião”, que, na verdade, era um quarto de hóspedes. Estranhou ainda mais quando Costa ligou a tevê do quarto com um filme pornô.

Os dois foram entrevistados pela piauí e negaram que sejam assediadores.

Assinantes da revista podem ler a íntegra da reportagem neste link.

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