O pastor Cristoffer Zilotti durante a pregação - Intervenção de Paula Cardoso sobre foto de Felippe Aníbal
Arco-íris da fé
Depois de enfrentar abandono da família e tratamento para “cura gay”, pastor homossexual comanda culto em igreja que acolhe LGBTs; templos inclusivos ganham espaço pelo país
O pastor Cristoffer Zilotti aparentava cansaço na noite daquele domingo, 24 de novembro, quando iniciou o culto da Comunidade Cristã Abraça-me, em Curitiba. Tinha varado o dia ali mesmo, na sala comercial que serve de espaço eclesiástico para o templo, atendendo a uma jovem lésbica que havia tentado suicídio pelo fato de a família não aceitar sua orientação sexual. O religioso iniciou o processo que chama de cura interior, um acolhimento que combina muita conversa e algumas orações. À noite, durante o culto, proferiu um sermão sobre a parábola “O filho pródigo” – em que um jovem volta para casa após ter gastado sua parte na herança em orgias, mas ainda assim é recebido com festa pelo pai. O pastor deu ênfase à reação do irmão mais velho, que, conforme a passagem bíblica, se indignou ante a recepção preparada para o caçula. Neste ponto, Zilotti estabeleceu um paralelo entre a narrativa e o preconceito de que a população LGBTI+ é alvo. “A condenação vem do filho mais velho, não do pai. Está cheio de ‘irmãos mais velhos’ lá fora, em todos os lugares: nas ruas, nas tevês, nas rádios, nas igrejas. Eles nos condenam, dizem que não seremos salvos. Mas eles são só ‘os irmãos mais velhos’. O pai, Deus, não condena: salva o filho mais novo”, pregou, para um grupo de fiéis formado quase que exclusivamente por homossexuais.
Afinada com a doutrina presbiteriana, a Abraça-me é uma das cinco igrejas evangélicas de Curitiba classificadas como inclusivas – que acolhem gays, lésbicas e transexuais que querem expressar sua fé. O avanço dessas comunidades vai além das dimensões regionais e começa a se consolidar como um fenômeno nacional. Segundo a organização não-governamental Aliança Nacional LGBTI+, a capital de cada unidade da federação tem, hoje, pelo menos um desses espaços religiosos. Apesar de os números serem dinâmicos, a entidade estima que a quantidade de igrejas inclusivas em todo o Brasil passe dos 150. Pode parecer pouco, já que o país tem cerca de 42,3 milhões de evangélicos – segundo os dados mais recentes do IBGE, de 2010 – e, ao longo dos últimos dez anos, mais de 72,5 mil novas igrejas (de todas as religiões) tenham sido registradas na Receita Federal em todo o território nacional: média de 20 por dia. Mas há que se considerar que as comunidades voltadas à população LGBTI+ são um fenômeno relativamente recente. As primeiras igrejas evangélicas inclusivas surgiram a partir dos anos 2000, mas de forma bem pontual. Foi ao longo desta última década que elas começaram a se expandir.
“É um fenômeno forte, se você pensar que dez anos atrás era algo muito incipiente”, resumiu Cláudio Nascimento, coordenador-executivo do Grupo Arco-Íris. “As igrejas tradicionais, na maioria das vezes, não adequam suas interpretações e excluem uma série de pessoas, principalmente o público LBGTI+. Se formos tomar [a Bíblia] ao pé da letra, todos seríamos excluídos, porque não pode fazer sexo antes do casamento, não pode comer carne de porco, não pode comer camarão frito, não pode usar roupa de dois fios, não pode ter deficiência física, não pode tomar álcool… Mas a exclusão acaba caindo só sobre o homossexual, que é quem sofre na pele”, acrescentou o presidente da Aliança Nacional LGBTI+, Toni Reis.
O pastor Zilotti é um exemplo disso. Criado pela avó materna num ambiente católico, em Campo Mourão, no interior do Paraná, ele se mudou para Curitiba aos 12 anos, passando a morar com a mãe e com o padrasto, que são bastante atuantes na Igreja Universal do Reino de Deus. O menino passou a viver sob rígida educação evangélica e, embora ainda não tivesse fé, permanecia no templo de “segunda a segunda”, acompanhando a mãe. Aos 15 anos, tornou-se obreiro – uma espécie de ajudante do pastor – e já fazia pregações efusivas. O caminho natural era que ele se tornasse pastor na própria Universal, mas no ano seguinte compartilhou com a mãe seu segredo mais bem-guardado: Zilotti é gay. Ao mesmo tempo que proibiu o filho de revelar a orientação para outras pessoas, a mãe encaminhou o garoto a uma série de tratamentos espirituais. Ele passou por rituais de cura, vigílias de libertação e correntes de oração. Nada mudou o desejo que sentia por rapazes. No auge do desespero, Zilotti tentou suicídio por três vezes. Sem encontrar “a cura”, abandonou a Igreja Universal e saiu de casa, aos 18 anos. Hoje aos 32, Zilotti está há mais de uma década sem se encontrar com sua mãe, que não admite “ter um filho gay”.
“Meu padrasto e minha mãe ainda não aceitam. Como o restante da igreja [da Universal], eles acreditam que é uma escolha que eu fiz, por estar sob influência de demônios. Eu fiz tudo que você possa imaginar: vigília, oração, eu passava a madrugada rezando e chorando ajoelhado no altar, me mortificava, fazia jejum, fiquei magro, magro, magro, pedia para Deus me libertar, porque para a igreja eu estava condenado e não poderia ser salvo. Eu cheguei a acreditar que eram demônios. Mas essa cura que eles prometiam nunca existiu”, afirma.
Após passar por outra igreja evangélica, Zilotti encontrou certo conforto em um terreiro de umbanda, onde todos os frequentadores o acolheram bem. Apesar disso, aquela não era a sua fé. Foi quando conheceu os conceitos do que se chamava evangelho inclusivo, por meio do pastor Victor Orellana, da Igreja Acalanto, considerada a primeira voltada ao público LGBTI+ no Brasil. “Ele [Orellana] queria que eu abrisse uma filial aqui. Mas eu não estava pronto. Eu queria me entender e entender aquilo tudo”, apontou. No início de 2014, no entanto, Zilotti deu início a uma célula – um grupo de estudos bíblicos – com base no evangelho inclusivo. A turma era pequena, formada por sete pessoas, e as reuniões ocorriam na residência de um casal de lésbicas, em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba. Em junho daquele ano, a procura já era tão grande que o agora pastor se viu “chamado” a fundar a igreja, a Comunidade Cristã Abraça-me. Para os cultos, alugava o salão de um hotel, no Centro de Curitiba, e o número de fiéis saltou para a casa dos 120. Zilotti percebeu, mesmo, que combater a homofobia no âmbito das instituições religiosas era uma missão, depois que um de seus fiéis, filho de pastores da Assembleia de Deus, se suicidou por ter sido proibido pelos pais de frequentar a Abraça-me. “Disseram que o pai, apesar disso, batia no peito, falando que preferia ter um filho morto a um filho gay. Se nós não podemos mudar o que pensa um pai como esse, nós podemos ajudar os filhos. Porque a igreja tradicional trabalha com medo, com culpa, falando para o homossexual: ‘Você é o Diabo e não vai para Deus.’ A gente acolhe, trata as feridas, cobra que eles façam tratamento psicológico, que tome os remédios, se for o caso… Muitos chegam aqui com histórico de tentativa de suicídio e com dificuldades de se aceitar”, disse o pastor.
A proporção de evangélicos no Brasil vem crescendo nas últimas décadas, enquanto a de católicos apostólicos romanos diminui. Os censos do IBGE mostram esse avanço contínuo: os evangélicos eram 6,6% da população em 1980; 9% em 1991; chegaram a 15,4% em 2000; e a 22,2% em 2010. Segundo os dados do instituto, eles foram o grupo religioso que mais cresceu entre 2000 e 2010, quando chegaram a 42,3 milhões de pessoas. Nos recenseamentos, o IBGE divide os evangélicos entre tradicionais ou de missão, como batistas, presbiterianos e luteranos; e pentecostais, que se caracterizam pela crença nos chamados “dons do Espírito Santo” – o que inclui curas, profecias e exorcismos. Conforme o Censo de 2010, os pentecostais já correspondem à maioria dos evangélicos: são 25,3 milhões de adeptos.
Tanto os estudiosos como os próprios pastores dividem o pentecostalismo no Brasil em três fases. A primeira, chamada de “pentecostalismo clássico”, começou nos anos 1910, com a chegada ao Brasil de missionários norte-americanos e suecos, que fundaram igrejas como a Congregação Cristã e a Assembleia de Deus. A segunda fase, chamada de pentecostalismo neoclássico, ocorreu a partir da década de 1950, com a expansão de igrejas focadas na “cura”, se notabilizou pelo uso intenso do rádio como ferramenta de conquista de novos fiéis. Por fim, a terceira onda, o “neopentecostalismo”, se deu a partir da segunda metade da década de 1970 e se caracterizou por enfatizar a “guerra” de Deus contra o diabo, pela teologia da prosperidade (segundo a qual o cristão deve buscar a prosperidade financeira), pelo investimento na representação política e pela aposta na televisão como estratégia de comunicação – como é o caso da Igreja Universal do Reino de Deus, da Renascer em Cristo e de uma infinidade de outras pequenas denominações. As igrejas inclusivas em relação aos LGBTs normalmente se identificam com as duas primeiras fases. “Se é verdade que em todas as vertentes [do protestantismo] permanece a interdição ao consumo de álcool, tabaco e drogas e ao sexo extraconjugal e homossexual, também é verdade que nos últimos anos surgiram ‘igrejas inclusivas’ dirigidas por pastores que fazem parte de movimentos LGBT e não se definem como neopentecostais”, definiu a antropóloga Regina Novaes, professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e estudiosa do tema das religiões.
É o caso da Abraça-me, do pastor Cristoffer Zilotti. Apesar de ter tido formação neopentecostal na Universal do Reino de Deus, a igreja fundada por ele segue uma doutrina próxima do protestantismo tradicional, em especial dos presbiterianos. Os cultos, em geral, incluem o cântico de louvores, a leitura e interpretação do evangelho e pequenas dinâmicas. No dia em que a piauí visitou o templo, a dinâmica incluiu o momento em que os fiéis eram convidados a se abraçassem e dizer em particular a uma pessoa porque ela era importante para si. “Aqui não tem ‘bate-cabeça’, não tem expulsão de demônio. A nossa base é o próprio evangelho. A nossa base é Deus. Não ficamos falando de demônios”, disse o pastor. “Isso faz muito sucesso nas classes mais baixas. Eles gostam muito disso. A nossa igreja é classe B, classe C. Entre os nossos fiéis, você vai encontrar dentista, gerente de banco, maestro…”, acrescentou o pastor.
Um dos fiéis da igreja de Zilotti é Oswaldo Alves Botelho, atendente de uma casa de carnes. Nascido em um lar cristão, ele era assíduo frequentador da Assembleia de Deus, em Paranaguá, Litoral do Paraná. Foi indicado ao posto de diácono, mas, para isso, precisaria estar casado. Mesmo se identificando como gay, aos 20 anos, ele se casou com uma mulher da comunidade. A união não durou muito. No ano seguinte, ele revelou sua verdadeira orientação sexual à esposa. Foi expulso da igreja, onde, segundo ele, anunciaram publicamente o motivo de seu desligamento: ser homossexual. “Eu não saí do armário. Meu armário foi arrombado”, definiu. Envergonhado pela exposição, se mudou para Curitiba. Chegou a frequentar a umbanda e outras igrejas evangélicas, mas a culpa lhe pesava. “Eu me sentia condenado. Não tinha coragem de ir a Deus. Quando eu cantava um hino, tinha dor no coração, como se eu não fosse digno”, contou. Um ano e meio atrás, Botelho teve um insight: foi ao Google e digitou “Igreja que aceita gay”. Chegou, assim, à Abraça-me, onde permanece como um dos fiéis mais fervorosos. “Assim que eu pus os pé na igreja, eu senti Deus me abraçando de novo. Hoje, eu estou liberto dos medos de exercer a minha fé, porque sei que Deus me ama como eu sou e eu terei a salvação”, disse o homem, hoje com 36 anos.
O ambiente acolhedor da Abraça-me também atraiu Kendra Canedo Zanetti, uma mulher transexual de 31 anos. Kendra foi expulsa de casa aos 14 anos, quando, ainda com identidade masculina, revelou à família sua homossexualidade. Sem emprego, passou a se prostituir e acabou se envolvendo com o tráfico de drogas, crime pelo qual foi presa e cumpriu pouco mais de três anos e meio de prisão. Nessa época, Kendra, já como uma mulher trans, além do preconceito por causa da transexualidade, também sofreu estigmas enquanto cumpria pena em regime semiaberto, monitorada por uma tornozeleira eletrônica. Após “pagar o que devia” à Justiça, uma amiga a apresentou à igreja inclusiva. Paralelamente, ela vem frequentando um curso de cabeleireira, bancado pelo Conselho da Comunidade da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba, órgão vinculado ao Poder Judiciário que faz o acompanhamento do sistema penitenciário e promove ações de direitos humanos. “Eu nunca fui uma pessoa de muita fé, mas eu me senti bem ali. As pessoas todas foram muito boas comigo. Uma coisa muito positiva, me senti importante. Agora eu quero trabalhar, ser cabeleireira e maquiadora”, disse.
Apesar do aumento da procura de fiéis, boa parte das igrejas evangélicas inclusivas vive às voltas com dificuldades financeiras. Isso porque, em geral, correspondem a comunidades pequenas, em que o dízimo não é obrigatório. A Abraça-me, por exemplo, hoje funciona em um conjunto comercial emprestado pela entidade filosófica Centro Positivista do Paraná. O culto ocorre em um salão com capacidade para oitenta pessoas, com um altar improvisado – os fiéis estendem um pano de cetim azul-celeste ao longo de uma parede, à frente da qual fica uma cruz de madeira. Zilotti não vive das atividades eclesiásticas, mas do salário que recebe como funcionário de uma subsidiária da Petrobras, onde trabalha no setor de contratos. Diz que leva uma vida modesta e adota um estilo mais descolado, diferente do estereótipo de pastor evangélico: usa jaqueta de couro, camisa polo, calça branca e sapatênis.
Em Belo Horizonte, Minas Gerais, o pastor Gregory Rodrigues, que recebia pessoas LGBT nos cultos, fechou a igreja diante das dificuldades financeiras e hoje se considera um “missionário sem templo”. “Acabo realizando o trabalho pastoral sem ter um igreja fixa, sem ter um templo de quatro paredes”, disse. Ele atribui parte das dificuldades a retaliações de comunidades religiosas tradicionais. A antiga igreja dele, a Fonte de Água Viva, teve que mudar de nome, porque já havia outra igreja evangélica com nome similar, que não queria ser associada à população LGBTI. “As igrejas inclusivas sofrem, todos os dias, perseguições, retaliações, sejam de ordem financeira, sejam por fake news. Tentam minar a gente por todos os lados. [As igrejas inclusivas] são comunidades pequenas, que lutam por uma mensagem de amor e acolhimento”, definiu.
Ainda que se declararem como laicos e plurais, grupos de defesa dos direitos da população LGBTI+ reconhecem a importância das igrejas inclusivas como forma de garantir que gays, lésbicas e transexuais possam exercer sua fé, sem perseguições. Uma das líderes da Articulação Brasileira de Lésbicas e do Movimento das Mulheres Lésbicas do Rio de Janeiro, Marcelle Esteves, destaca que esses grupos religiosos, hoje, mantêm diálogo estreito com as organizações, participam de alguns eventos importantes para o público homossexual – como as Paradas da Diversidade –, e chegam a defender pautas em comum. Apesar disso, os evangélicos inclusivos, de modo geral, ainda guardam um resquício do conservadorismo, principalmente no que diz respeito ao aborto – que entra em conflito com os princípios de fé dos frequentadores das igrejas inclusivas. “Em suma, eles mantêm um entendimento alinhado ao conceito que chamam de ‘garantia da vida’. Mas há alguns focos dentro dessas religiões que, apesar de professarem sua fé, já reconhecem a autonomia da mulher em relação ao próprio corpo. Apesar disso, eles ainda não encampam a bandeira do direito ao aborto. Mas eu acredito que essa abertura já seja um avanço”, disse Esteves.
Há também algumas ressalvas no que diz respeito à superação do preconceito ainda manifestados pelas comunidades religiosas, principalmente em relação a outras religiões de matriz não-cristã. “O desafio é a aproximação desses grupos religiosos de pontos comuns ao movimento, formando uma coalizão a partir do que nos une, como a defesa dos direitos humanos. Outra questão é como nos unir para enfrentar o fundamentalismo que há dentro das próprias igrejas inclusivas, para que eles possam reconhecer práticas religiosas, como a umbanda, por exemplo”, disse Cláudio Nascimento. “Ao mesmo tempo que as igrejas inclusivas cumprem um papel muito grande, garantindo o direito à fé à população LGBTI, é preciso separar o joio do trigo. Há igrejas e igrejas. Nesse movimento, vieram algumas que são ‘caça-níqueis’”, observou Toni Reis.
A discriminação aos homossexuais também se dá em outras religiões. Toni Reis e seu marido, David Harrad, enfrentaram uma via-crúcis para batizar seus três filhos adotivos na Igreja Católica. “Quatro padres me disseram não. Se negaram a batizar os meninos. Mas um ativista pega um não e transforma em sim”, disse Reis. O casal recorreu ao arcebispo de Curitiba, Dom José Antônio Peruzzo. Saíram da reunião com um sinal verde, que abriu caminho para que Alysson, Jéssica e Filipe fossem batizados em abril de 2017, na Catedral de Curitiba. Reis enviou uma espécie de dossiê ao Papa Francisco, contando que havia conseguido que seus filhos recebessem o sacramento. Três meses e meio depois, recebeu uma carta assinada pelo assessor do pontífice. “O Papa Francisco lhe deseja felicidades, invocando para a sua família a abundância das graças divinas, a fim de viverem constante e fielmente a condição de cristãos”, diz a missiva.
Com a eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência e o fortalecimento da bancada evangélica, a percepção de pastores, fiéis e ativistas é de que se acirraram os ataques aos homossexuais, inclusive no âmbito das igrejas tradicionais. Nesse contexto, eles consideram a permanência das igrejas inclusivas como um ato de resistência e de defesa dos direitos humanos. “O preconceito saiu do armário. As pessoas se sentem legitimadas a manifestar seu preconceito de forma muito mais aguda. Nós combatemos isso nos valendo da Constituição, do Ministério Público, das delegacias contra crime cibernéticos… A gente combate preconceito com processo”, apontou Reis. “Se tem uma pessoa no poder com essa visão contra nós, ela tende a trazer pessoas que vão reproduzir esse comportamento. Enquanto ele [Bolsonaro] não parar, estaremos sob ataque. Por outro lado, isso evidencia ainda mais a nossa importância. Não tem uma pessoa que vem aqui que esteja bem. Vem porque sofreu alguma violência, vem porque foi expulso de casa, vem porque descobriu que está com Aids, vem porque aqui é a última esperança de salvação dela”, disse Zilotti.
Ao fim do culto, o pastor e boa parte dos fiéis se sentaram a uma mesa comprida, em outra sala. Enquanto comiam bolo e tomavam suco, alguns dos participantes planejavam o ensaio do coro recém-criado, que ocorreria dentro de dois dias. Paralelamente à confraternização, Zilotti recolhia os banners com a logomarca da igreja que tinham sido afixados ao longo do salão e cartilhas que explicam o que é o evangelho inclusivo, distribuídas para orientar novos seguidores. Apenas depois que todos os frequentadores partiram é que o líder religioso deu o expediente, enfim, por encerrado. Só então olhou para o relógio, que marcava mais de 22h. Ele havia chegado às 7h30. “Missão é missão. Semana que vem tem mais”, despediu-se.
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