Desde a faculdade, Hasselmann tinha prazer em incomodar. "Como só tinha esquerdinha, eu fazia questão. Eu era uma coitada, não tinha onde cair morta, mas estava sempre poderosa" FOTO: DIEGO BRESANI_2019
Fala grossa e salto fino
As façanhas de Joice Hasselmann, do rádio ao Congresso
Thais Bilenky | Edição 157, Outubro 2019
“Oi, pessoal, tudo bem? Eu aqui, Joice Hasselmann, deputada federal pelo Brasil.” Em meio à balbúrdia que havia tomado o plenário da Câmara na noite de 10 de julho, mal se escutava o que ela dizia. Com 2,6 milhões de seguidores no Facebook, a parlamentar transmitia ao vivo pela rede social a sessão que aprovaria em primeiro turno, depois de nove horas de discussão, a reforma da Previdência. “A esquerda pira” – ela dizia, enquanto filmava a galeria no mezanino, onde se aglomeravam “alguns sindicalistas, o pessoal da CUT [Central Única dos Trabalhadores] e o escambau.” “Aqui os líderes de centro”, prosseguiu, apontando para a Mesa Diretora, “e Rodrigo Maia, que é o grande avalista da reforma na Câmara dos Deputados.” Virou a câmera para o modo selfie e reapareceu na tela com o seu bordão nas redes: “Já sabe aí, gente. Vai curtindo, vai compartilhando, vai curtindo, vai compartilhando.”
A jornalista e deputada pelo PSL de São Paulo tinha retocado o visual. A sombra rosada e os cílios postiços pretos realçavam os olhos azuis. O cabelo dourado era escuro na raiz e alisado até a altura do ombro, onde formava uma suave curva côncava. Hasselmann, 41 anos, ajeitou os fios atrás da orelha.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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