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piauí jogos

    Não havia cartuchos ou sangue no chão, e ninguém ouvira disparos. Como então o projétil foi se alojar no peito de Aílton Moreira? Uma semana após o crime, a bala ainda não havia sido periciada FOTO: ALEXANDRE SANTANNA_2007

teatro

Tiro mágico

Sem perícia, sem laudo, sem investigação, mas com muita suposição, morre mais uma vítima de bala perdida

Roberto Kaz | Edição 10, Julho 2007

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Eram quase 10 da manhã do domingo, 17 de junho, quando o engenheiro civil Aílton Lopes Moreira, de 53 anos, saiu do seu apartamento, num prédio no subúrbio de Brás de Pina, no Rio. Junto com a mulher, Lucimeire, tomou o elevador e baixou oito andares até a garagem, para pegar o carro. Eles iam ao supermercado, comprar carré de cordeiro e couve, para o almoço. Como o tanque do Siena prateado estava quase vazio, Moreira dirigiu menos de 100 metros, até o Posto Forza, onde sempre abastecia.

Em casa, Moreira, que tinha duas filhas, encarregava-se da cozinha. Saía pouco e raramente bebia. Nas noites de terça e quinta, freqüentava um centro espírita. No tempo livre, ouvia música romântica e lia livros de Alan Kardec. Na infância, torceu pelo Bangu. Devido às derrotas freqüentes, há pouco mais de dez anos virou casaca: passou a torcer para o Fluminense. Mas não ia a estádio. Tinha medo da violência.

Moreira parou diante da bomba e pediu ao frentista para botar 10 reais de álcool. Desceu do carro para debitar a conta no cartão. Ficou frente a frente com o gerente do posto, conversando sobre os recentes (e portentosos) feitos do Fluminense, que dias antes conquistara a Copa do Brasil. Lucimeire aproveitou para sacar dinheiro no caixa eletrônico. Assim que ela deu as costas, ouviu de seu marido um único grito, agudo. Olhou a tempo de ver o corpo de Moreira tombar, com as mãos grudadas ao peito. Pensou que ele sofrera um infarto fulminante. Tentou reanimá-lo com uma massagem cardíaca. O frentista correu para o orelhão e ligou para os bombeiros.

 

Quando a ambulância chegou, meia-hora depois, Moreira continuava no chão, coberto por um lençol, providenciado pela mulher. A paramédica constatou que o engenheiro estava morto. Cortou a camisa dele com uma tesoura. Descobriu, sob a axila esquerda, um pequeno furo, com o diâmetro de uma caneta Bic. Aílton Lopes Moreira fora baleado, e o projétil se alojara em algum lugar do seu tronco. O posto de gasolina tornou-se o cenário de um assassinato.

A partir daí, rezam os cânones da lei, deveriam ocorrer três etapas preliminares: o acionamento da Polícia Militar, para isolar e resguardar a cena do crime; o comparecimento de um policial civil da delegacia mais próxima, para dar início à investigação; e a convocação de um policial técnico do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, para periciar o cadáver e coletar todo tipo de vestígio existente no local. Na prática, não aconteceu nada disso.

A Polícia Militar chegou e, na falta de fita zebrada, improvisou um isolamento da cena do crime com três cones encontrados no posto de gasolina. É um expediente comum, já que os camburões da PM não contam com equipamento algum para preservação de um lugar a ser periciado. Em seguida, a Polícia Civil foi chamada. Como era domingo, uma única delegacia (a 22a DP, da Penha) respondia pela área – dela e de outras quatro delegacias. Na segunda-feira, o caso foi encaminhado à 38a DP, responsável pela região. Ou seja, o delegado encarregado do inquérito não esteve no posto de gasolina e não viu o cadáver. Fará a investigação baseado em laudos e testemunhos.

 

Mas como a polícia técnica não foi convocada na hora, tais laudos serão precários. Por acaso, um perito (que prefere não ser identificado) passou na frente do posto de gasolina à 1 e meia da tarde. Ele havia sido chamado para analisar uma execução, com seis tiros, num bar das imediações. Ao ver o camburão da Polícia Militar, e o burburinho de curiosos, parou. Encontrou o corpo de Moreira remexido, vestido apenas com uma bermuda jeans. Sapato, dinheiro, carteira, relógio e cordão haviam sido recolhidos pela família.

 

Não havia cartuchos ou marcas de sangue no chão. Ninguém ouvira o disparo. O que se comentava é que, horas antes, a Polícia Militar trocara tiros com traficantes do Morro da Fé, a dois quilômetros do posto. Seria possível, então, que a bala tivesse viajado dois quilômetros, atravessado o bairro, passado ao lado de prédios, casas, postes, muros, fiações e árvores, para se alojar no peito de Moreira? Se assim fosse, quais teriam sido a arma utilizada e o atirador responsável por tal proeza?

Sem qualquer instrumento, e sem a tranqüilidade de um laboratório, o perito de passagem sugeriu, baseado na observação a olho nu, que poderia se tratar de um projétil de fuzil. Possivelmente de calibre 762. Em nenhum momento, o técnico disse qual era o tipo da bala. Ele explicou que o disparo dessa arma se desloca com tamanha velocidade (de 600 a 800 metros por segundo), que, quando atinge um alvo humano, faz uma zona de enxugo no corpo – ou seja, a ferida se fecha por dentro. Assim, portanto, estaria explicada a ausência de sangue em torno do ferimento.

 

Como o fuzil de calibre 762 é usado nos tiroteios entre traficantes e policiais militares, concluiu-se que saiu de um deles o tiro que vitimou Moreira. Sem que houvesse qualquer laudo prévio, a imprensa carioca contou, como se fosse a expressão da verdade, a incrível história da bala mágica. O próprio perito que examinou o cadáver, no entanto, avalia que é impossível chegar a qualquer conclusão. Dias depois, ele disse a piauí: “Para a família foi uma tragédia, para a crônica policial, uma manchete, para o perito, um caso sem solução”.

O corpo de Moreira ficou sete horas no posto de gasolina, aguardando ser recolhido pela Defesa Civil e levado ao Instituto Médico Legal. Na necropsia, descobriu-se que o projétil atravessara as costelas, atingindo um pulmão e o coração. Uma semana depois do crime, a bala ainda não havia sido encaminhada à sede do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, responsável pela perícia em armas de fogo.

Num estranho exercício de lógica, o delegado-adjunto Ronald Hurst, da 38a DP, diz que primeiro será feito um levantamento de todos os fuzis que a Polícia Militar usou durante a operação no Morro da Fé. Só depois a Polícia Civil vai procurar saber o calibre exato da bala.

Roberto Kaz
Roberto Kaz

É jornalista e redator do Piauí Herald. É autor do Livro dos Bichos, pela Companhia das Letras

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