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    O historiador e cientista político Boris Fausto Karime Xavier/Folhapress

despedida

O Brasil visto por Boris Fausto

Historiador morreu aos 92 anos em São Paulo

| 18 abr 2023_21h22
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Boris Fausto foi um historiador completo. Referência não só da História com agá maiúsculo, mas também da história das famílias, dos escândalos, dos crimes e da vida comum brasileira. Sua morte, nesta terça-feira (18), aos 92 anos, priva o país de um grande intelectual.

Paulistano, filho de imigrantes judeus, publicou um livro que se tornou clássico nas ciências sociais: A Revolução de 1930: Historiografia e História. Coincidentemente, 1930 foi o ano de seu nascimento. Mais velho, enveredou pelo gênero conhecido como micro-história, em que se focaliza pequenos acontecimentos que resumem uma época, um povo. Seus livros sobre o Brasil do começo do século XX são como reportagens de fôlego. Talvez por isso Boris Fausto tenha aparecido tantas vezes nas páginas da piauí.

Contou, com riqueza de detalhes, uma história de amor e morte que agitou São Paulo nos anos 1920. Revelou o caso de um jogador de futebol que peitou Washington Luís, então presidente da República, num dia de jogo em São Januário. Mergulhou nas intrigas, ciúmes e crimes que rondavam as comunidades de imigrantes em São Paulo cem anos atrás.

No campo da História maiúscula, reconstituiu os últimos dias de Benito Mussolini, o líder fascista da Itália, e ponderou sobre o caráter da ditadura de António Salazar, em Portugal. 

Mas, nos últimos anos, Fausto escreveu principalmente sobre sua vida. Fez um diário do próprio luto em O Brilho do Bronze, publicado depois da morte de sua mulher, Cynira, com quem foi casado por 49 anos. Falou de sua família imigrante em Negócios e Ócios. E fez experimentos na ficção, como se vê em alguns textos de Vida, Morte e Outros Detalhes livro marcado por outro luto, o de seu irmão Ruy, que morreu de infarto em maio de 2020.

Observando a história de sua família, de sua cidade e os pequenos causos da vida urbana, Boris Fausto ajudou a dar conta do que é o Brasil. Seu olhar fará falta ao país.

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