Em tempos de CPI, Brasília se transforma Na Pinoquiolândia – e é este o título da capa da piauí_177. A ilustração de Vito Quintans se inspira na famosa fotografia de Chas Gerretsen que mostra o general Pinochet cercado por seus subordinados. Bolsonaro ocupa a cadeira do ditador chileno, um de seus ídolos. A diferença está no tamanho do nariz.
A nova edição traz duas peças robustas sobre economia. A primeira diz respeito a Paulo Guedes – que trabalhou como professor no Chile de Pinochet. Em “Sou eu aqui”, Ana Clara Costa reconstitui a trajetória do ministro, sua relação com Bolsonaro e os motivos que o levaram a se apegar ao cargo. A segunda é a reflexão de Roberto Andrés sobre os pacotes econômicos propostos pelo governo Joe Biden, que provocaram otimismo na esquerda.
Em “Certo perdeste o senso!”, Bruno Carazza conta como governo e Congresso se uniram na cegueira estatística para inviabilizar o Censo Demográfico que deveria acontecer este ano. Enquanto isso, Karla Monteiro relata em Chega de pá, pá, pá como o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, está comendo pelas beiradas na vida pública mineira.
Dois textos falam da obra de brasileiros marcantes: o grande intelectual Alfredo Bosi, que morreu em abril (Crítica com alma, de Pedro Meira Monteiro), e o pintor Alberto da Veiga Guignard, que acaba de ganhar uma nova biografia (O tombamento de Guignard, de Marcelo Bortoloti).
O jornalista indiano Tejas Harad, que vive na cidade de Hyderabad, narra em um diário a devastação que a Covid-19 está provocando em seu país, onde nacionalistas recomendam urina de vaca – e não a cloroquina – para combater o vírus. E, como nos aproximamos da trágica marca de 500 mil mortos pela Covid-19 no Brasil, a piauí convidou o artista Will Barcellos para prestar uma homenagem às vítimas: ao longo de todas as páginas da revista, Barcellos desenhou 500 mil pontos. Parte do seu trabalho pode ser vista em vídeo aqui.
A edição traz ainda uma celebração de Caetano W. Galindo pelos 80 anos da pianista argentina Martha Argerich, oito contos de Adam Ehrlich Sachs sobre pais e filhos, a ficção provocativa de Jarid Arraes e os poemas desconcertantes de Bruna Beber.